Parlatório
Temos que nos tornar anticapitalistas, diz David Harvey no Ocupe Estelita
Estudioso de Karl Marx, geógrafo britânico visitou Recife e elogiou movimento que reivindica o direito à cidade
Um dos mais famosos estudiosos do filósofo alemão Karl Marx, autor de O Capital, o geógrafo britânico David Harvey desembarcou no Brasil na semana passada para participar de debates, conferências e divulgar o lançamento de seu livro Para entender O Capital: Livros II e III (Editora Boitempo). Além de passar por cidades como, Brasília, Fortaleza, Curitiba e São Paulo, o autor foi à capital pernambucana, aproveitou para visitar o Cais José Estelita e conhecer o movimento Ocupe Estelita.
O grupo surgiu em oposição a um projeto imobiliário de luxo, chamado “Novo Recife”, que pretende levantar 12 torres na região onde fica o cais, próximo ao centro histórico de Recife. Os ativistas defendem um projeto alternativo para a área que leve em conta as características históricas e ambientais do bairro, além de participação popular no planejamento do espaço urbano.
Harvey elogiou o movimento que, segundo ele, pratica “o direito à cidade”. “Eu escrevo sobre o direito à cidade, vocês o praticam. Vivemos em uma sociedade que é cada vez mais individualista. Mas quando trabalhamos juntos, a experiência é muito mais satisfatória. Opor-se a esse tipo de desenvolvimento é opor-se ao capital e eu creio que num dado momento temos que nos tornar anti-capitalistas”, afirmou aos ativistas.
Assista ao depoimento dado por David Harvey no Estelita:
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.