Parlatório

PSTU defende o impeachment de Dilma Rousseff

Em vídeo, Zé Maria, presidente nacional do PSTU, defende a “derrubada” do governo Dilma; em nota, partido nega apoiar o impeachment mas reafirma querer “derrubar” Dilma

José Maria de Almeida, um dos fundadores do PSTU, e atual presidente do partido
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Setores da extrema direita brasileira, defensores da derrubada da presidenta Dilma Rousseff (por impeachment ou por meio de um golpe militar) ganharam um novo e inusitado aliado: Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados, o PSTU.

Em entrevista divulgada pelo próprio partido, José Maria de Almeida, conhecido como Zé Maria, presidente nacional da legenda, afirma que primeiramente deve-se romper com o governo Dilma para depois defender os trabalhadores e lutar contra a direita: “ou nós estamos contra o governo, dispostos a ajudar nossa classe a lutar para derrubá-lo, para parar de vez os seus ataques ou nós vamos estar no campo desse governo com o argumento de que nós estamos lutando contra o golpe de direita”.

A posição foi criticada por meio de nota de outro partido de extrema esquerda sem representação parlamentar, o Partido da Causa Operária (PCO): “a ideia de que os trabalhadores vão derrubar o governo não apenas é ridícula, mas é, efetivamente, um encobrimento da operação golpista com um discurso esquerdista”. 

O PSTU não divulgou se irá participar dos atos pela derrubada da presidente convocados para o próximo dia 16 de agosto nem se irão apoiar os pedidos de impeachment desengavetados por Eduardo Cunha que devem ser levados a plenário na volta do recesso parlamentar em Brasília. 

Atualização. Após a publicação deste texto, o partido divulgou a nota abaixo:

“O PSTU não está propondo impeachment da presidenta Dilma. Não queremos colocar nas mãos deste Congresso Nacional corrupto a solução da crise vivida pelo país. Tirar Dilma e colocar Michel Temer, ou gente como Eduardo Cunha, Aécio Neves no lugar? O que mudaria?

O que nosso partido propõe é que os trabalhadores – que estão pra lá de revoltados contra este governo que não para de atacar os seus direitos – se organizem e lutem para derrubar o governo Dilma, mas também Aécio Neves, Eduardo Cunha, Michel Temer, e toda esta corja. Todos foram financiados pelos banqueiros e empreiteiras (olha aí a operação LavaJato). E estão todos unidos para jogar a crise econômica nas costas dos trabalhadores, com ajuste fiscal e eliminação dos nossos direitos para garantir o lucro dos bancos e das grandes empresas nacionais e multinacionais.

Por outro lado, defendemos e chamamos a CUT, a CTB, o MST, etc, a que rompam com o governo Dilma; que a Força Sindical rompa com seu apoio a Aécio e Eduardo Cunha, e que convoquem a Greve Geral que tem sido defendida pela CSP-Conlutas. Uma Greve Geral que enfrente o governo do PT, Eduardo Cunha e a oposição burguesa encabeçada pelo PSDB, pois só assim vamos derrotar efetivamente o ajuste fiscal e os ataques aos nossos direitos.

É por este caminho – na luta contra o governo do PT e contra as outras alternativas burguesas como Aécio (PSDB), Temer e Eduardo Cunha (PMDB) – que poderemos construir uma alternativa dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos que possa governar nosso país.

Fazer o jogo da direita não é chamar a lutar contra esse governo, do qual a direita faz parte, diga-se de passagem. Fazer o jogo da direita é tentar defender, fazer manifestações para blindar um governo que é repudiado, e com toda razão, pelos trabalhadores. É isso que deixa nossa classe nas mãos dessa falsa oposição que aí está, e sujeita a participar e acreditar, equivocadamente, em manifestações e alternativas representadas por Aécio Neves e companhia.

Essa é a posição do PSTU”.


Nota da redação: A nota do PSTU reafirma a necessidade de se “derrubar Dilma”. Por outro lado, diz ser contra o impeachment. Faltou a legenda esclarecer qual método julga o mais adequado para derrubar o governo. 


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O vídeo abaixo contém a entrevista completa de Zé Maria. O trecho no qual o presidente do PSTU pede a “derrubada” da presidente inicia-se em 12m04s:

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