Parlatório

MTST reúne milhares contra crise hídrica e pressiona governo de SP

Em protesto com pelo menos 8 mil pessoas, sem teto pediram distribuição de caixas d’água da periferia

O MTST estima que 15 mil pessoas participaram do pronto em frente ao Palácio dos Bandeirantes (esquerda), enquanto que a PM fala em 8 mil manifestantes
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O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) reuniu na noite desta quinta-feira 26 entre oito e 15 mil pessoas nas ruas de São Paulo. O objetivo era protestar contra as medidas tomadas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB-SP) diante da crise hídrica no Estado. A manifestação seguiu até o Palácio dos Bandeirantes, residência oficial do governo. No local, integrantes do movimento acabaram sendo recebidos por representantes da gestão tucana e dizem ter conseguido o compromisso de que o governo irá distribuir caixas d’água para moradores da periferia, entre outras reivindicações. O governo diz que as propostas ainda serão avaliadas.

O ato começou por volta das 18h30 no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo. “Não vamos permitir que os pobres paguem pela falta d’água”, diziam os sem-teto ao iniciarem a marcha pela avenida Faria Lima. Sem confrontos com a polícia, os participantes se deslocaram em direção à sede do governo do estado, no Morumbi. O MTST estima que 15 mil pessoas participaram do ato, enquanto que a PM fala em 8 mil manifestantes.

Com o avançar da noite, os sem-teto apertaram o pé para chegar ao Palácio. Alckmin não apareceu, e quem recebeu a comissão formada por lideranças do MTST e dos demais movimentos apoiadores da marcha foi o chefe da Casa Civil, Edson Aparecido. Na reunião, o grupo não conseguiu demover o governo Alckmin de rever a ideia de fazer um reajuste na tarifa. “O racionamento já existe na periferia. E não é redução de pressão, é corte. São muitos dias sem água nas torneiras das famílias pobres. É o racionamento seletivo. O que o governo fez foi pegar o dinheiro da tarifa e entregar para os acionistas da Sabesp, para o capital estrangeiro, em vez de se preparar para o período de seca”, afirma o coordenador nacional MTST, Guilherme Boulos.

No entanto, o sem teto divulgaram nota em que afirmam que Aparecido assumiu o compromisso de cumprir as seguintes pautas:

– Reeditar o decreto do Comitê de Crise, até então restrito ao governador e prefeitos, para incluir o MTST e outros movimentos sociais.

– Compromisso em formar uma comissão para identificar os locais que tem falta d’água crônica.

– Distribuição de caixas d’água na periferia; Reunião com Paulo Massato, diretor metropolitano da Sabesp, na semana que vem para discutir a operacionalização, além de distribuição de cisternas, construção de poços artesianos e envio de caminhões pipas as regiões mais necessitadas;

– Compromisso em avaliar os contratos de demanda firme estabelecido com grandes gastadores e apresentar uma resposta até a próxima semana.

Em resposta à reportagem de CartaCapital, a assessoria da Casa Civil negou, no entanto, que as propostas tenham sido aceitas. “O secretário-chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, e o coordenador Estadual da Defesa Civil, José Roberto Rodrigues de Oliveira, receberam nesta quinta-feira, 26, representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Na ocasião, o grupo apresentou uma pauta de reivindicações, que será avaliada pelo Governo”, respondeu a gestão por de meio nota.

Chamado pelo MTST, responsável majoritariamente pela massa de gente que se espalhou pelas ruas até o Palácio dos Bandeirantes, o ato contra a falta d’água contou também com apoio e presença da CUT, União Estadual dos Estudantes (UEE), Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), coletivos Juntos e Rua. Candidata à presidência nas últimas eleições, Luciana Genro, do Psol, também engrossou o caldo dos articuladores do movimento desta quinta.

*Com informações da Agência Brasil e Rede Brasil Atual

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