Dilma confirma recondução de Janot

Escolha do mais votado entre os procuradores assegura "autonomia" da Procuradoria-Geral, diz Dilma

Rodrigo Janot em março, durante apresentação de propostas do MPF para o combate à corrupção. Ele deve ficar mais dois anos no cargo

Apoie Siga-nos no

A presidenta Dilma Rousseff confirmou neste sábado 8 a recondução de Rodrigo Janot para a Procuradoria-Geral da República, o cargo mais alto do Ministério Público. A decisão, que já era esperada, foi anunciada a Janot pela manhã, em reunião no Palácio do Alvorada com a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. 

Ao escolher Janot, o mais votado na eleição da Associação Nacional dos Procuradores da República, com 799 votos, 288 a mais do que obteve na eleição anterior, há dois anos, Dilma disse que a ação afirmava a “autonomia” da PGR. 

Desde 2003, os presidentes da República conduzem ao cargo o nome mais votado na ANPR, uma tradição iniciada com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma vez que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) rejeitava a recomendação da associação.

Responsável por investigar e processar políticos com foro privilegiado previsto na Constituição, Janot lidera a Operação Lava Jato, que apura um imenso escândalo de corrupção envolvendo empreiteiras, funcionários públicos, doleiros, partidos e político que se concentra na Petrobras, mas que chegou a outros órgãos públicos, como a Eletrobras.

O trabalho tem despertado a ira de políticos. Na semana passada, o ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL) chamou Janot de “filho da puta”. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por sua vez, afirma que Janot montou um conluio com o Planalto para enquadrá-lo na Lava Jato. Entre outras denúncias, Cunha é acusado de solicitar US$ 5 milhões de propina para autorizar negócios com a Petrobras.

Quem também tem em Janot um desafeto é o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Outro investigado pela PGR na Lava Jato, Renan pode postergar a confirmação de Janot, uma vez que o Senado é o responsável por dar a anuência à recomendação da presidência da República. Isso criaria um limbo na PGR, que seria comandada por um interino.


Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo Planalto:

A Presidenta da República, Dilma Rousseff, decidiu reconduzir ao cargo de Procurador-Geral da República o dr. Rodrigo Janot. A decisão foi informada ao próprio Procurador-Geral na manhã deste sábado (8), em reunião oficial no Palácio do Alvorada, realizada com a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

A escolha da presidenta Dilma Rousseff acolhe, novamente, posicionamento da maioria dos membros do Ministério Público Federal, assegurando assim, de fato, a autonomia estabelecida na Constituição de 1988 a esta importante instituição da República.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.