Parlatório

Collor chama Janot de “filho da puta”. Assista ao vídeo

O ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) sussurou o xingamento na tribuna do Senado, durante pronunciamento em que se defendia das acusações da Operação Lava Jato

O senador Fernando Collor durante discurso no plenário do Senado, onde nega envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras
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O ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) xingou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de “filho da puta”, na quarta-feira 5, durante pronunciamento na tribuna do Senado. Collor é investigado pela Operação Lava Jato, cujas investigações são lideradas por Janot. 

No pronunciamento, Collor defendia-se das acusações de que um grupo ligado a ele teria recebido 26 milhões de reais em propina do esquema de corrupção da Petrobras. Há cerca de um mês, durante a Operação Politeia, uma das fases da Lava Jato, policiais federais visitaram imóveis de Collor e apreenderam três carros de luxo do ex-presidente, supostamente obtidos em um esquema de lavagem de dinheiro.

Da tribuna, Collor qualificou a operação como um “espetáculo midiático” e defendeu que seus carros foram comprados com dinheiro lícito. Após explicar-se, Collor sussurrou o xingamento.

“As empresas têm contrato social, estão devidamente registradas na junta comercial, têm suas atividades de acordo com o que define a legislação. Se existem parcelas em atraso é uma questão comercial que diz respeito a mim e ao credor, não podendo em tempo algum, sob o risco de uma grave penalização judicial a quem afirma, que tal atrasos se devem a falta de recursos escusos. Afirmações caluniosas e infames”, disse Collor.

O xingamento veio logo em seguida, em voz mais baixa. “Filho da puta”, disse Collor.

A ofensa ocorre aos 5 minutos e 4 segundos do vídeo:

No discurso, Collor acusou o procurador-geral de vazar informações “seletivamente de forma criminosa” como parte de uma “estratégia ardilosa” para permanecer no cargo. “Informações que correm sob segredo de Justiça foram vazadas seletivamente de forma criminosa pelo procurador-geral da República aos meios antes mesmo que o ministro relator do STF tomasse conhecimento. Veja a gravidade deste ato”, afirma.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve ser reconduzido ao cargo, mas enfrenta a resistência de parlamentares e dos líderes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), citados na lista de políticos investigados pela operação.

Na quarta-feira 5, Janot foi o mais votado pelos procuradores para permanecer no cargo. Com 799 votos, 288 votos a mais do que os recebidos em 2013 quando foi eleito ao cargo, Janot sai da votação fortalecido contra as críticas e promessas de retaliações de congressistas citados no esquema de corrupção da Petrobras. 

Em seu discurso, Collor acusa Janot de vazar informações sobre as investigações para se promover diante da opinião pública. “Não seria isso uma isca bezuntada de elementos jornalísticos rasteiros que os meios fisgam com inacreditável facilidade. Tal fato costumeiro em todos os meios só reforça o festim midiático denunciado até por um dos candidatos ao cargo de procurador-geral da república. É isso o uso deslavado para se promover”, afirma.

Citando um documento assinado por servidores da comunicação social do Ministério Público Federal, no dia 6 de março deste ano, o ex-presidente diz que falta “ética, transparência e verdade” ao “grupelho do senhor Janot que se apoderou da Procuradoria-geral da República”. 

Nos próximos dias, a presidenta Dilma Rousseff deve enviar ao Congresso o nome de quem assumirá o cargo. Dilma pode escolher qualquer um dos três nomes mais votados pelos procuradores, no entanto, uma tradição iniciada no governo Lula, em 2003, indica o candidato mais votado da lista tríplice. Por isso, a expectativa é de que Dilma opte pela recondução de Janot. 

Após ser indicado pela presidenta, Janot ainda terá de passar por uma sabatina e votação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. Se aprovado, o nome do procurador segue para uma votação secreta no plenário do Senado, precisando pelo menos de 41 votos. Dos 27 titulares da CCJ do Senado, oito são investigados por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras.

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