Parlatório

Bahia: Rui Costa pede expulsão de PM que matou cachorro

Em fevereiro, quando ação da PM acabou com 12 pessoas mortas no Cabula, governador comparou policiais com “artilheiro em frente ao gol”

Rui Costa, o governador da Bahia, pediu o afastamento do PMs que matou o cachorro
Apoie Siga-nos no

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), pediu nesta terça-feira 16 a expulsão do policial militar que foi flagrado executando um cachorro a tiros no município de Teixeira de Freitas, no sul da Bahia, no sábado 13. O petista aproveitou o comentário para tentar esclarecer os comentários que fez após a morte de 12 pessoas em uma chacina no Cabula, periferia de Salvador, em fevereiro.

Em entrevista à Rádio Metrópole, Rui Costa disse que ligou para o comandante da Polícia Militar da Bahia para pedir a expulsão do tenente Wilson Pedro dos Santos Júnior, identificado como assassino do cachorro, mas ele já havia tomado a decisão de afastar o PM. Segundo Costa, nenhum policial “tem direito” de ter uma atitude como de Santos Júnior. “[A ação] mostra absoluto desequilíbrio. Uma pessoa daquela não reúne as condições de estar vestindo uma farda e portar arma”, disse Costa, ao classificar o ato de “covardia”. “Imagine um policial daquele em contato com a população?”

Durante a entrevista, Costa disse querer uma polícia forte e definiu “forte” como uma “polícia que atue dentro da lei”. Costa lembrou o caso de Geovane Mascarenhas de Santana, de 22 anos, que desapareceu em agosto passado no bairro da Calçada, em Salvador, e cujo corpo foi encontrado decapitado, carbonizado, com duas tatuagens removidas e os órgãos genitais retirados. Segundo o governador, os policiais responsáveis pelo sumiço, denunciados em abril pelo Ministério Público, “não merecem e não honraram a farda que vestiam”.

Costa, entretanto, diferenciou este caso de situações em que “o policial é recebido à bala”. Em fevereiro, quando ocorreu a chacina no Cabula, Costa comparou os policiais a “artilheiros na frente do gol”, que precisam ter “a frieza e a calma necessárias para tomar a decisão certa”. Rui Costa foi duramente criticado pelas declarações, em especial porque a versão da PM para o ocorrido, que trata de confronto, não se sustenta diante dos fatos.

Após a chacina, o rapaz que denunciou o ocorrido, em texto publicado por CartaCapital, foi ameaçado e teve de deixar Salvador; policiais militares teriam ameaçado a comunidade do Cabula e imposto um toque de recolher. Finalmente, em maio, o MP denunciou policiais militares pela chacina.

Segundo o promotor Davi Gallo, à frente do caso, “houve tudo nessa vida, menos confronto. O que ocorreu foi verdadeira execução. Execução sumária”. Ele explicou que na maioria dos corpos havia “lesões de defesa”, que são ferimentos nas mãos e nos braços, e tiros que denotam que o atirador estava em posição superior em relação à vítima. Oitenta e oito tiros foram encontrados nos corpos.

Segundo o MP-BA, o subtenente Júlio César Lopes Pitta, 42 anos, planejou e coordenou a ação, que seria uma vingança ao ferimento sofrido anteriormente por um policial em confronto com traficantes, e não uma operação da PM na região, como alegavam.

Abaixo, a íntegra da entrevista de Rui Costa. Ele fala sobre a questão da PM a partir dos 36min30s:

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.