Parlatório
Alckmin admite racionamento de água em São Paulo
Pela primeira vez desde o começo da crise, o governador reconheceu que há restrição de distribuição de água para a população paulista


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), reconheceu, pela primeira vez desde o ano passado, que o estado passa por racionamento de água. “O racionamento já existe. Quando a Agência Nacional de Água (ANA) determina que você que tem que reduzir de 33 para 17 (metros cúbicos por segundo) no Cantareira é obvio que você já está em restrição. Está mais do que explicitado”, disse em um evento da Polícia Militar na zona norte.
Alckmin negou que o racionamento será imposto por um decreto seu. “Já temos a restrição de água estabelecida pela ANA, que é a agência reguladora. Não tem que ter decreto. Isso está mais do que explicitado.”
A admissão de Alckmin se dá um dia depois de a Justiça derrubar a multa sobre o consumo excessivo de água imposta em 8 de janeiro pela Sabesp, a companhia de água paulista. Em liminar na qual atende pedido da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), a juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara da Fazenda Pública, determinou que a multa, de até 100% no valor da conta, só poderia ser aplicada após uma declaração pública do governo estadual a respeito da existência do racionamento. As multas são de até 100% para quem ultrapasse consumo médio mensal num comparativo entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014.
Nesta quarta-feira 14, também pela primeira vez, a Sabesp admitiu em um documento que realiza redução de pressão de água em todos os bairros da capital paulista. Em agosto de 2014, Alckmin chegou a dizer que o racionamento de água seria uma “atitude irresponsável”. Em novembro do mesmo ano, o governador, então recém reeleito, afirmou que tal medida seria “um erro do ponto de vista técnico”.
No principal sistema de abastecimento de água do estado, o Cantareira, o nível, em constante queda desde 26 de dezembro, atingiu 6,3% da sua capacidade nesta quarta-feira. Dos seis sistemas responsáveis pelo abastecimento da Grande São Paulo, apenas um, o de Guarapiranga, não apresenta queda dos níveis de água, segundo a Sabesp.
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