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House of Mãe Joana: prepare a pipoca e curta a demência bolsonarista

A Banana Republic Original Series (ou o resumo semanal do hospício, porque este Brasil deixou de ser sério faz tempo

O boneco de Joice. O paulistano merece
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No mais novo episódio da série, o cabaré segue a arder em chamas. Não, não se trata do amazônico incêndio que queima o filme do Brasil, essa mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia. O maçarico descontrolado emerge das entranhas do golpismo/bolsonarismo/lavajatismo. Agora, seus principais atores chamuscam uns aos outros em cizânias de proporções variadas, dos barracos de madeirite aos que, rachada a alvenaria, podem fazer a casa cair. Prepare a pipoca: eis uma rinha que a gente gosta de ver.    

No domingo 26, o humorista Marcelo Madureira discursou no Rio de Janeiro durante a manifestação a favor de Sérgio Moro e do direito de abusar da autoridade. Ao acusar Bolsonaro de conspirar contra a Lava Jato, acabou expulso do ato. Não fosse a escolta da PM, o ex-Casseta poderia ter sido submetido ao cacete.   

“Enfrentei a ditadura militar, não vou ter medo de meia dúzia de ignorantes”

Disse o eleitor do entusiasta da ditadura militar, cujo livro de cabeceira são as memórias do torturador Brilhante Ustra. 

A deputada federal Carla Zambelli trava uma guerra particular contra Joice Hasselmann, ambas do Partido Só de Laranjas (PSL).

A que respondeu a muy amiga:

Zambelli, como se viu, esteve na manifestação na Avenida Paulista. No entanto, também foi expulsa, assim como o ex-Casseta. 

Em vídeo publicado pela própria deputada, um manifestante aproxima-se e explica a razão do fogo amigo.

“Você é comunista, você não pede intervenção militar, você é comunista!”

De fato Zambelli tem o cabelo vermelho.

A fritura de Moro segue a todo vapor. 

“Com todo respeito a ele, mas o mesmo não esteve comigo durante a campanha”

Foi a resposta de Bolsonaro ao singelo comentário de um internauta, que apenas pedia ao presidente que “cuide bem do ministro Moro”. Do que se depreende que o mesmo será maltratado. Com todo respeito, no entanto. 

Além de Moro, Bolsonaro já alvejou também a PF, o Coaf, a Receita e o Ministério Público Federal. O mundo gira e a Lusitana roda. 

Enquanto Bolsonaro frita Moro, o bolsonarismo cozinha Deltan Dallagnol e a própria Lava Jato. 

Aqui, uma declaração de Leandro Ruschel, segundo o próprio um “especialista em investimentos. Apaixonado por filosofia e ciência política. Empreendedor. Pai. Admirador da excelência. Conservador” (a expelir também seu fogo amigo, a colunista de O Estado de S. Paulo e Rádio Jovem Pan, Vera Magalhães, prefere “o churrasqueiro do bolsonarismo”.)

Ruschel tem 300 mil seguidores no Twitter, entre eles o presidente, os três Zeros à esquerda e diversos ministros.

No sábado 24, o editor Jair Bolsonaro ordenou que repórteres à frente do Palácio do Planalto fizessem uma reportagem para denunciar o “jornalista” Merval Pereira, outra das tantas chocadeiras do ovo da serpente.

“Acabei de postar uma matéria sobre o Merval Pereira. Palestra de 375 mil reais. Tá legal? Tá ok? 375 pau uma palestra no Senac. Tá ok? Faça a matéria. Se vocês não fizerem nenhuma matéria sobre isso nos jornais eu não dou mais entrevista para vocês. Tá legal?”

Merval de fato recebera os 375 “pau”, mas para 15 palestras, a 25 mil a unidade. Ninguém publicou a “denúncia”. Bolsonaro não deu entrevista.

Na primeira temporada de House of Mãe Joana, pai Jucá, hoje suprimido do elenco a exemplo de Queiroz, previu o golpe como ele foi: “Com o Supremo, com tudo”. Deu no que deu. Em Belo Horizonte, também na manifestação de domingo, o coro dos descontentes conferiu ao hit YMCA, do grupo Village People, a seguinte letra: 

“Melos, cês são fofos demais / Alexandre, cê não fica atrás / Lewandowski, não esqueço jamais / É tanta be-ne-vo-lên-cia…”

E por aí foi.

Durante pronunciamento do presidente em rede nacional na sexta-feira 23, deu-se também o divórcio entre os golpistas/bolsominions/lavajatistas e as panelas, traídas pelo rolo de macarrão com o qual se bate a trinca do poliamor. Salve-se quem puder!  

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