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Maconha medicinal pode ser aliada no tratamento da asma

Dentre tantas outras doenças, a maconha tem efeito no controle da asma, doença muito comum que mata até três pessoas por dia no Brasil

Ilustração: Felipe Navarro
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A asma causa inflamação nas vias aéreas inferiores. Ela pode ser alérgica ou não e, segundo os dados do Datasus, do Ministério da Saúde, seis pessoas morrem por dia no Brasil em decorrência do seu agravamento. Cerca de 15% da população brasileira sofre de asma. Se a maconha medicinal já estivesse disponível, poderia ser uma opção de tratamento à doença.

Fala-se aqui sobre uma enfermidade que pode ser letal. Afinal, em crises graves, pode acontecer de os brônquios ficarem obstruídos a ponto da respiração e oxigenação do corpo se apresentarem comprometidas, o que pode levar a uma arritmia seguida de parada cardíaca.

Os sintomas da asma podem ser mais leves em algumas pessoas e uma grande preocupação para outras. A doença ainda não têm cura, por isso, opções de controle são importantes para quem sofre desse problema. O tratamento tradicional contra os efeitos da asma costuma envolver a inalação de medicamento com efeito anti-inflamatório, que dilata as vias brônquicas, permitindo o retorno da respiração normal.

Acontece que um estudo publicado no British Journal of Pharmacology mostrou que a cannabis tem potencial similar sobre as vias respiratórias que alguns dos remédios tradicionais para o controle de asma. Experiências empíricas de usuários de maconha demonstram o mesmo.

 

Na verdade, desde 1973 a ciência tem relatos consistentes da relação entre a cannabis e respiração. O Dr. Donald Tashkin, especialista em pulmões e professor de medicina da UCLA, estudou junto a sua equipe e descobriram na maconha um efeito broncodilatador. Em 2012 saiu no Journal of the American Medical Association uma pesquisa que mostrou melhora nas medições pulmonares de quem relatou uso moderado da erva.

Outra instituição que endossa o uso da erva no controle dos sintomas da asma é o National Center for Biotechnology. Eles apontam que a cannabis tem propriedades naturais capazes de ajudar, de forma segura, pacientes com esta enfermidade. Pensando nisso, uma empresa localizada nos Arizona (EUA) lançou em 2016 uma bombinha contra asma com canabinóides ativos. A Herbal Wellness Center deu ao produto o nome de “Vapen Clear” e promete que cada um deles possui mil miligramas de óleo concentrado, que renderiam cerca de 100 doses de inalação.

Essas novas tecnologias endossam o uso terapêutico da erva, mas estão longe de sanar a necessidade que afeta milhões de populares no Brasil. É entristecedor pensar que uma planta que poderia promover alívio de tantas pessoas siga presa à burocracia da proibição.

Alerta contra a fumaça

Se por um lado a maconha tem propriedades que podem ajudar no controle da asma, é preciso ter cuidado em relação à cultura do fumo atrelada à erva. Fumar, de fato, não é a melhor forma de se medicar alguém com problemas respiratórios. Por isso, o desenvolvimento de vaporizadores, bombinhas ou até produtos comestíveis derivados de maconha são opções interessantes para o paciente que deseja garantir o nível de canabinóides no sangue que promova o clima perfeito para a melhor circulação nas vias aéreas.

 

Em um mundo perfeito, protegido pela legalização, não seria difícil ter um jardim com alguns pés de cannabis para servir como livre acesso à fonte primária de canabinóides. Produtores locais se encarregariam de produzir bolos, flores, óleos e tudo o mais que fosse útil no auxílio do tratamento de asma e uma infinidade de outras enfermidades. O problema é que quando bate a crise e falta ar nos pulmões, não dá mais tempo de sonhar com o mundo perfeito. No Brasil morrem todos os dias três pessoas por asma. A proibição protege a quem?

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