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A Copa da Maconha na Califórnia

Eventos desse tipo movimentam a economia, a tecnologia e a cultura de um setor que não para que crescer nos Estados Unidos

Felipe Navarro (Ilustração) - foto retirada do site antigo
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[Este é o Blog do Hempadão em CartaCapital. Acesse aqui o site]

Em julho deste ano tive a oportunidade de cobrir a “Cannabis Cup” no Norte da Califórnia. A copa é organizada pela revista americana High Times e conta com exposição, palestras e shows. Como o evento ainda não é algo muito comum entre os brasileiros, acredito que vale a pena compartilhar essa experiência.

A copa aconteceu em 2 e 3 de junho, na cidade de Santa Rosa. Vale lembrar que a Califórnia tem o uso de maconha recreativo legalizado desde o início de 2018. Sendo assim, qualquer turista com passaporte em mãos, sendo maior de 21 anos, pode comprar a erva em dispensários locais. No evento não é diferente.

Os estabelecimentos legais para aquisição de maconha são verdadeiros universos à parte, onde é possível encontrar de tudo à base da erva: chocolate, chicletes, balas, bebidas, óleos e etc. E se a loja já é impressionante, imagina uma feira.

NorCal Cannabis Cup foi composta por pelo menos 50 estandes, dispostos em um grande gramado a céu aberto, sob o calor quase desértico da região. O ingresso para os dois dias de evento sai por 100 dólares.

Lá dentro os competidores disputam entre si em categorias como: Melhor stand, melhor produto, melhor comestível, melhor vidro; produto para uso tópico, melhor comestível de CBD, vaporizadores; melhores flores, melhor concentrado, melhor cigarro pré-enrolado. E ainda melhor concentrados de sativa, índica ou híbrida.

Os visitantes podem dar seus pitacos, deixando suas opiniões por meio de computadores destinados a isso, na sessão de votos. Mas quem realmente decide com mais propriedade são os juízes convidados, que tem em mãos as amostras para provar e julgar. Como visitante, é preciso comprar para depois dar sua avaliação.

Quando cheguei estava acontecendo a palestra dos Waldos, um grupo de amigos que são os responsáveis pela criação do termo 420. “Hoje em dia não tem mais porque usarem um código, já que está legalizado, mas acabou virando algo sobre se divertir”, explicaram, diante de um público de não mais que 25 pessoas.

Nas barracas um drink de CBD podia custar até 10 dólares. Geladinho e super hidratante, é mesmo uma excelente pedida. O canabidiol é um composto da maconha conhecido por não ser alterador de consciência, como o THC. Sendo assim, ele age como regulador de diversas funções do organismo. A bebida feita com esse canabinóide é, portanto, usada para relaxar e suavizar o dia.

Festival de Maconha e Música
Como de praxe nos eventos canábicos pelo mundo, não dá pra segurar a vibe da festa só na fumaça, então atrações musicais são sempre bem-vindas. No caso desta edição da Cannabis Cup, até que o line-up estava bem distribuído. No final da tarde de sábado, teve G. Love and Special Sauce, uma banda de hip-hop alternativo da Filadélfia. E para fechar a noite, o lendário baixista da banda Greatfull Dead, Phil Lesh, se apresentou com os amigos.

Domingo, a primeira atração a subir no palco foi a banda Arrested Development, também com hip-hop de qualidade. Já eram cinco horas da tarde quando a segunda atração apareceu: o guitarrista, cantor e compositor americano conhecido como Miguel. E para encerrar, um showzaço cheio de distorções e gaita protagonizado pela famosa banda Blues Traveler.

Leia também: O Canadá legaliza a maconha. E agora, Trudeau?

A parte cultural da festa é importante para celebrar o encontro e marcar que nem tudo são só negócios no mundo da cannabis. Mas, terminado o último show, foi hora de entregar os prêmios aos felizardos campeões da copa.

Premiação: entre canecos e medalhas
High Times costuma caprichar em suas condecorações. Isso porque os troféus e medalhas conquistados nas copas costumam ir parar em salas comerciais ou saguões de estabelecimentos do ramo por todo o país. Quem as detém, gosta de mostrar aos clientes e amigos, como forma de promoção de sua marca.

O prêmio de melhor vidro, por exemplo, vai para o stand que conseguir chamar mais a atenção do público através de bongs e pipes. Nessa edição, o prêmio foi para os sopradores da Jerome Baker.

Já o melhor produto da feira, acabou nas mãos da Exotic Genetix, com a Mint Chocolate Chip Seeds. Trata-se de uma semente híbrida com floração de 56 a 63 dias que promete fumo com sabor de sorvete de chocolate meio mentolado. Acredita?

A melhor flor índica da competição ficou com a “Creme de la Créme”, produzida pelo time Elite Genetics em parceria com a OG Collective. E a melhor flor sativa da festa foi coroada a “Gelonade”, feita pela galera do coletivo Connected. Para os competidores de flor, um prêmio como esse pode significar aumento imediato da procura por seu strain.

Enquanto nos EUA diversos coletivos e empresas se especializam na produção de comida, semente, bebidas e novas variedades de maconha, por aqui quem se arrisca a cultivar e estudar sobre a planta está longe de ganhar um troféu ou medalha.

Também nesse ano, todos os olhos do mundo se voltaram para o maior evento esportivo do planeta. Dei sorte de ter recebido o convite da agência Micasa420 para cobrir a Copa. Não a Copa de Neymar e cia, na Rússia. E sim a NorCal Cannabis Cup, lá na nova meca da maconha no mundo, a Califórnia. Ajudaram a transformar esse sonho em realidade as marcas Puff Life, Sediña e Yellow Finger.

Hempadão é um blog especializado em cultura canábica atuante desde 2009. Jornalismo e entretenimento com pitadas de poesia e informação. Saiba mais em http://hempadao.com/ ou fale conosco em [email protected]

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