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Por que não para elas?

O futebol não é um esporte masculino, como se acredita

Rio Janeiro RJ 1012 2018 A jogadora de futebol Marta (Marta Vieira da Silva), atacante eleita melhor do mundo seis vezes pela Fifa, é a primeira mulher a entrar para o Hall da Fama do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.foto Fernando Frazão/Agencia Brasil
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No Brasil, o país do futebol, há a cultura de acompanhar notícias do mundo futebolístico, jogos de diversos times, de diversos campeonatos e se comover quando algum time brasileiro consegue chegar a uma etapa importante de algum torneio.

O futebol, uma das modalidades esportivas mais praticadas e em evidência na mídia mundial, passou a ser mais do que um simples exercício físico ou uma competição e é marcada por conseguir unir seres humanos de diferentes raças, religiões e ideologias.

Na história deste esporte, nota-se que a atividade dos praticantes é vista apenas como masculina, pois é representada com símbolos de força e músculo.

Por tal razão, a mulher passou a ser “encarada” como um ser de pequena participação no mundo do futebol, obtendo um tratamento diferenciado pela mídia.

Assim, o futebol, em nosso País, quando praticado pelo gênero feminino, ainda possui grande resistência por parte da população, além de não possui o mesmo tratamento (e espaço) nos meios comunicativos, por diversos fatores.

A captura da imagem feminina por esta mídia reforça a diferenciação do tratamento entre os gêneros no futebol. Enquanto os homens são vistos como heróis, as mulheres sofrem desprezo por serem atletas deste esporte.

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Assim, torna-se perceptível que a mídia prefere explorar a sensualidade feminina a construir a imagem de uma mulher que pode conquistar os lugares antes masculinizados, a imagem de uma mulher forte e guerreira.

É notável que a mídia seja o instrumento essencial para a divulgação das notícias, ainda mais aquelas de cunho esportivo. Ficar um dia sem receber notícias sobre o futebol masculino não faz parte da nossa realidade, porém esta é a situação em que o futebol feminino se enquadra, que, cotidianamente, não há a cobertura dos campeonatos femininos.

Mas, nos momentos em que as jogadoras femininas conseguem ser retratadas pela mídia, mais precisamente durante os grandes eventos ou competições da modalidade, elas ainda continuam em segundo plano em relação às equipes masculinas, visto que dependem da derrota destes para se sobressaírem na mídia e serem reconhecidas.

Pode-se observar, em relação ao futebol, que há preconceito, diferença e descaso na formação do papel da mulher como jogadora.

Esta diferenciação pode ser identificada a partir do momento em que se acompanha os investimentos realizados a times femininos e o acompanhamento da mídia esportiva a estes times.

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A forma que a mulher é retratada pelos meios de comunicação inclina-se a uma falsa criação do que deve ser o papel feminino na sociedade, fato que começa a permitir uma propagação do ideal de beleza e da sujeição feminina. O caráter da valorização do futebol feminino torna-se transitório, a partir do momento que este depende de uma demanda, que na maioria das vezes é vinculada aos Jogos Olímpicos ou Pan Americanos.

A abordagem crítica dos meios comunicativos é um pilar necessário para a construção da identidade do futebol feminino. Atualmente, tal identidade ainda é construída a base de uma comparação com o futebol masculino.

Ao se tratar das jogadoras, apela para beleza destas, com o argumento de que esse fator que ajudará o esporte a conquistar público e patrocínio.

Percebe-se então que ainda é necessário que haja uma reconstrução do significado do papel da mulher na sociedade, para que estas possam adquirir seu respectivo lugar tanto na mídia quanto no futebol.

Já que o enfoque dado ao futebol feminino é falho, visto que a mídia “cobre” apenas os grandes campeonatos femininos, além de objetificar as jogadoras retratadas.

Para conseguir um espaço maior das esportistas na mídia, é necessário que haja uma mudança no discurso, planejando um rompimento com o preconceito histórico e passando a valorizar mais a prática esportiva.

Dessa forma, conseguiremos suprimir a necessidade da valorização da beleza para conquistar o destaque difundido pelos meios de comunicação sem as submeter a um papel inferior ao masculino.

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