Colunas e blogs

O combate sutil do racismo no futebol

O esporte é mais uma esfera onde a punição, muitas vezes, fica para inglês ver

Foto: Ricardo Stuckert / CBF
Apoie Siga-nos no

Lembrado pela paixão, torcida, sentimento que faz o coração bater no peito, o futebol movimenta povos e une culturas em torno do espetáculo da arte com os pés. Contudo, os problemas que envolvem o esporte são muitos, entre eles o racismo. Um problema social e que, de forma inevitável, atinge o futebol.

Episódios marcantes de discriminação racial já marcaram a modalidade. Em um jogo do Santos contra o Mogi Morim, no Campeonato Paulista, o volante Arouca marcou o gol da vitória, mas o time rival começou a chamar o jogador de macaco. O jogador se manifestou: “A impunidade e a conivência das autoridades com pessoas que fazem esse tipo de coisas são tão graves quanto os próprios atos em si.”

Em um jogo do Milan, a torcida cantou músicas racistas para Kevin-Prince Boateng. O jogador, que é alemão de origem ganesa, chutou a bola na direção da torcida e voltou para o vestiário, não quis seguir o jogo.

Daniel Alves! Quem não se lembra desse caso? Nosso jogador, filho da nossa terra. Em um clássico do Real Madrid e Barcelona, a torcida o chamou de macaco e ainda ousou jogando uma banana no campo. O jogador? Ousou mais ainda, descascou a banana e comeu, em pleno jogo. Faz lembrar até mesmo o movimento antropofágico, da semana de 22 no Brasil. O jogador digeriu e se reinventou, no mesmo instante.

Para listar todos os casos de racismo no futebol, ficaríamos escrevendo por muito tempo. A Fifa já lançou medidas para combater o racismo no futebol, com punição dos clubes, advertências, multas e em casos mais sérios, até a expulsão de clubes.

Entretanto, se formos listar as punições diante dos inúmeros casos de racismo, a balança se desequilibra. Ao falar do tema, todos se lembram de alguns casos clássicos, mas a punição nenhuma aparece, de imediato, na mente. Alguns clubes brasileiros já foram punidos, como o Juventude e o Grêmio. Não pela Fifa, mas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

Como todo problema social, as raízes históricas são enormes e precisamos de anos a fio, em um trabalho de dia após dia, para combater o problema. O futebol é mais uma esfera em que as questões sociais reverberam e também mais uma esfera onde a punição, muitas vezes, fica para inglês ver.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo