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Futebol feminino do Pérolas Negras: esperança de futuro na bola

Em três anos, o projeto já revelou duas jogadoras para o Flamengo

Foto: Divulgação
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O Pérolas Negras é um clube de futebol criado pelo Viva Rio, formado por refugiados e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Segundo o site, o projeto teve início em 2011 no Haiti, e no Brasil em 2016. Com sede no Rio de Janeiro, o time é integrado por brasileiros, haitianos, sírios e venezuelanos, sendo a única instituição das Américas com um time mundial de refugiados. A academia Pérolas Negras ainda promove a integração dos imigrantes e jovens que estejam em situação de risco. Além disso, ela é casa, escola e centro de treinamento para os jovens. Ao completar 16 anos, os jovens mais talentosos do Haiti, Venezuela e Jordânia são convidados para treinar no Brasil e buscar a inserção no mercado do futebol.

O projeto se preocupa com a educação e formação cultural dos alunos, o que permite que se eles não conseguirem seguir a carreira dentro de campo, estejam preparados para o mercado fora dele. A academia no Brasil e no Haiti atende todas as exigências da Fifa a um clube formador.

Futebol feminino

O futebol feminino do projeto também tem um time no Haiti, mas o brasileiro não é formado por refugiadas. Atualmente, o brasileiro está disputando dois campeonatos: a Taça das Favelas e o Campeonato Carioca de Fut7. Priscila Pereira, técnica da equipe, foi a responsável pela inclusão da modalidade na sede do Brasil. “Um dia estava trabalhando em uma academia e vi o Pérolas Negras Viva Rio. Fui atrás para montar um projeto feminino e eles aceitaram na mesma hora. A partir deste momento, o projeto existe desde 2016”, disse Priscila.

No início, o principal objetivo era capacitar as meninas a saírem do Brasil. “Não tínhamos expectativa nenhuma do crescimento no Brasil. O objetivo era enviar jogadoras para os Estados Unidos e conseguimos uma parceria com a escola americana Hilliard Darby. Eles recebem três meninas por ano, é só elas passarem na prova que têm a possibilidade de estudar lá”, contou.

De acordo com Priscila, nenhuma das 22 meninas que participam do projeto já está capacitada, então elas têm aula de inglês uma vez por semana para poder ter essa oportunidade. Elas também foram convidadas para passarem vinte dias do mês de julho nos Estados Unidos, mas o custo do avião é um obstáculo. Então, uma solicitação foi encaminhada para que a Secretaria do Estado pudesse auxiliar, se a resposta for positiva, todo o time vai viajar e ser avaliado pela escola americana.

Há dois meses o projeto enviou duas alunas para o teste do Flamengo sub-18 e elas foram aprovadas. “Bianca Mello e Ana Portugal chegaram nesse projeto sem saber nada de futebol, se desenvolveram e estão aí despontando, já estão morando no Rio de Janeiro para jogar esse campeonato Brasileiro que vai começar em julho”, contou Priscila. A técnica elogiou além da raça das meninas, a inteligência e o fato de serem estudiosas.

Bianca Mello, de 16 anos, passou de reserva para capitã do time em menos de três anos. “Comecei em 2016, mal sabia dominar uma bola, com o tempo fui melhorando e pegando mais confiança naquilo que estava fazendo. Em 2017 já estava melhor, porém, não como deveria estar uma jogadora para competir em campeonatos grandes, várias vezes fiquei na reserva ‘esquentando banco’. No ano passado tive uma grande evolução, conseguia fazer aquilo que a técnica pedia, o exercício que era para ser feito, obtendo outra visão de jogo, participando dos campeonatos como titular, além de ser capitã”, contou. A importância do projeto foi além do futebol para Bianca. “Conheci muitos lugares onde nunca tinha ido, como Búzios e outros lugares do Rio de janeiro, até mesmo participando de um campeonato internacional em Paulo de Frontin. Com o projeto fui a praia, fiz novas amizade, que hoje em dia considero como irmãs”, completou a menina.

Fabiana Mello, mãe de Bianca, também jogou futebol quando mais nova e hoje dá todo o apoio e incentivo à filha. “Na idade dela, eu jogava muito futebol, mas não tive nenhuma oportunidade. Sempre apoiei e incentivei a Bianca, corro atrás para vê-la cumprindo seus objetivos. Nós somos exemplos de superação”, disse a mãe emocionada e orgulhosa da nova jogadora do Flamengo.

Ana Portugal, de 15 anos, também contou da importância do Pérolas Negras na sua carreira. “Acho que sem o projeto e até mesmo sem a Priscila eu não teria feito meu primeiro teste e passado. Criei muita experiência no projeto, mentalidade, maturidade e responsabilidade”, disse.

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