Futebol por Elas
Brasil e futebol, o encontro perfeito
Diferente do que muitos acreditam, o futebol não foi criado pelos ingleses no século 19


Sabe paixão à primeira vista? Aquele encantamento quase imediato? Uma atração que não conseguimos conter e que não sai sequer um segundo de nossas cabeças? Então, essa foi a relação do Brasil com o futebol, sem explicação. Parafraseando Chicó – personagem de o Alto da Compadecida – a gente não sabe, só sabe que foi assim.
Não é tão fácil assim achar o caminho que nos leva para a origem dessa paixão nacional. Diferente do que muitos acreditam, o futebol não foi criado pelos ingleses no século 19. Dois mil anos atrás na Grécia Antiga, Roma, Japão e China já se batia aquela bolinha.
Claro que não estamos falando do jogo no gramado, com arquibancadas para dezenas de pessoas. Vamos dizer que era algo parecido com o nosso futebol na rua, com traves de chinelo e bola de meia.
Os ingleses trouxeram para o nosso país o que chega mais próximo do nosso futebol de hoje. O esporte ainda era de domínio da elite, mas a grande massa foi descobrindo a magia da bola e em pouco tempo caiu no gosto do povo.
Na década de 30, Gilberto Freire disse que todo o nosso talento e aptidão pelo futebol era fruto de uma miscigenação com os negros, europeus e índios. Mas nada disso tem a ver com o que pulsa em nossos corações e o que movimenta as penas de nossos jogadores, sejam eles peladeiros ou profissionais.
Você pode estar pensando “tudo isso começou com Pelé, o rei do futebol”, mas será mesmo? Pelé começou a jogar aos 15 anos, ou seja, em 1955 e foi descoberto mundialmente em 1956. E o Maracanazo, que juntou 199.854 pessoas em 1950? A resposta é essa, então! Só que não. E em 1938, quando o Brasil começou a mostrar suas garras na Copa do Mundo?
O que realmente importa é que o Brasil hoje não sabe ser Brasil sem o futebol. O futebol é lazer, é profissão, é sonho, é esperança, é a oportunidade de um futuro melhor, é a união.
Como disse Darcy Ribeiro, “O futebol é o único reino em que o povo sente a sua pátria. […] A pátria pra ele [brasileiro] é madrasta, dá a ele uma má escola, deixa ele com fome, desempregado.”
O futebol é o que faz o brasileiro bater no peito e dizer que é brasileiro. Uma das poucas coisas que nós podemos nos agarrar e nos orgulhar é dizer que o futebol corre em nossas veias. É fazer com que acreditemos, mesmo quando a vida está ruim, que podemos ter uma pequena parte de felicidade quando vemos nosso time ser campeão. É o que nos faz ser um só de quatro em quatro anos e darmos as mãos como irmãos.
Não adianta ficarmos procurando resposta para algo que não tem respostas. O início de tudo e quando nossas vidas começam. O futebol começou para mim no dia 12/01/1998. Me escolheu e me ajudou escolher minha profissão.
O futebol é amor e amor é algo que não tem começo e não tem fim, escreve sua própria história e a de quem o acompanha. O futebol não nasceu no Brasil, mas o Brasil renasceu no futebol.
Uma breve história do futebol
Os gregos, por exemplo, praticavam o episkyros como um esporte dentro das olimpíadas. Jogava-se dentro de um campo retangular com um protótipo de bola: um saco de couro cheio com serragem. Quando os romanos invadiram a Grécia, viram o jogo e gostaram, mas fizeram algumas adaptações e criaram o harpastum. Os jogadores usavam os pés e as mãos para atravessar o campo retangular e marcar pontos (pique-bandeira ou rúgbi?).
Já no oriente, os chineses jogavam o Tsu Chu, que na verdade fazia parte do treinamento militar e só era permitido usar os pés para lançar a bola em direção a duas traves de bambu.
Os japoneses jogavam o kemari que era praticado em um campo redondo e não tinha como finalidade fazer gols e sim manter a bola no ar o máximo de tempo possível usando todo o corpo (também te lembrou o futevôlei?).
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