Colunas e blogs

A nova regra do impedimento

O machismo presente no hábito de perguntar às admiradoras de futebol se elas realmente entendem do assunto

A nova regra do impedimento
A nova regra do impedimento
Brasil vence o Canadá e vai à semi do futebol feminino (Foto: Rafael Ribeiro)
Apoie Siga-nos no

Sei, nascemos meninas, e ser mulher, nos dias atuais, ainda não é tarefa fácil. Quando se é mulher e apreciadora de esportes – sobretudo, o futebol –, então… Ser mulher e torcedora é ter os conhecimentos postos em cheque, constantemente, por muitos que, com uma frágil pseudo-masculinidade, almejam invalidar a opinião de uma mulher pelo simples fato dela ser mulher. Ser mulher e torcedora é ser símbolo e sinônimo de resistência, é tornar-se a personificação da coragem, do empoderamento. Ser mulher e torcedora é considerar o título de “musa” insuficiente. Nós sabemos muito bem disso.

No entanto, é provável que, nesse contexto, nada nos cause maior desconforto e constrangimento do que ouvir: “Você gosta de futebol? Então pode explicar a regra do impedimento?!” Essa é uma das sentenças que mais refletem a importância da problematização da cultura machista presente nos assuntos futebolísticos cotidianos. Seria tão complexo assim compreender tal regra, de forma que fosse preciso questionar, inúmeras vezes, tantas mulheres buscando ouvir a explicação que mais facilitasse o entendimento?

Então, moça, quando alguém, inspirado por algum medíocre propósito misógino, perguntar sobre a regra do impedimento da próxima vez – nós sabemos que isso, infelizmente, vai acontecer –, duvidando da sua capacidade de compreensão do assunto, responda: “É verdade, a nova regra do impedimento vem deixando muita gente com dúvidas… Sim! Nova regra! Não sabia que a anterior havia sido alterada? Mas posso explicar, sim, sem problemas.

A nova regra não trata sobre os jogadores, e sim, sobre os torcedores. A nova regra do impedimento fala que qualquer ataque machista direcionado a uma mulher pelo simples fato de ela ser uma assídua e participativa torcedora será deslegitimado. A nova regra não pune posicionamentos adiantados, e sim, valores e pensamentos retrógrados. Nessa partida, a mulher é livre para ocupar o lugar que bem entender, e isso não lhe será retirado – ou impedido”.

Leia também: A revolução do futebol jogado só por mulheres

E conclua: “Mais alguma dúvida sobre regras futebolísticas? ”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo