A grandeza de torcer para um time “pequeno”

São sempre as mesmas perguntas

Manaus – AM – 21/06/2017 – BRASILEIRÃO CAIXA 2017 – ESPORTES – Jogo 119, Grupo 05 da Série A1 do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino “Brasileirão Caixa 2017” entre, Iranduba da Amazônia X C.R. Flamengo/Marinha, realizado na Arena da Amazônia em Manaus, AM; válido pelo grupo 05 do Brasileirão Feminino 2017 A1. (Foto: MICHAEL DANTAS/ALLSPORTS)

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Qual é o nome do seu time mesmo?! Mas esse é o seu segundo time, né?! Por que você torce para esse clube?! E por aí vai…

De maneira tranquila e orgulhosa sempre respondo: Sim, torço para um time “pequeno”, mas gigante em sua tradição, raça e humildade. Afinal, só quem vive essa realidade é capaz de entender.

Torcer para um time “pequeno” é respirar o futebol alternativo, aquele que se opõe as tendências modernas; dos prestígios, monumentais arenas, grandes mídias e elitização do esporte. É chegar ao estádio e conhecer o guardador de carros, o bilheteiro, o locutor, o rapaz da lanchonete, o vendedor de águas e sorvetes. É não pegar filas para adquirir seu ingresso e ainda conseguir pagá-lo inacreditáveis 20 reais. É sentir seu coração acelerar por pisar onde já torceu/jogou seu pai, seu avô e boa parte da sua família. É assistir aos jogos com o presidente do seu clube ao lado, sempre atento e contido. É se agarrar ao alambrado e em pequenos metros conseguir ouvir a respiração do seu jogador. É ter a arquibancada só para você e sua torcida, onde um grande palco de festa, cantoria, risadas e xingamentos é armado. É comemorar cada goleada de 1 x 0 e sonhar com algum tipo de acesso ou futuro glorioso. É chorar quando aquele ponto importante, classificação ou título escapa. É viajar para outras cidades e lotar o estádio visitante com 10 de nós. É prometer a si mesmo que nunca mais torcerá para o clube quando derrotado, e na próxima rodada se contradizer. É no final de cada partida cumprimentar (parabenizar ou cornetar) os jogadores e diretoria. É se reunir no bar mais próximo para tomar uma cerveja para comemorar, afogar as mágoas e comentar sobre o jogo do dia. E finalmente, é reviver tudo isso no próximo final de semana.

Por outro lado, é ter uma dificuldade enorme em adquirir camisa e outros itens do seu clube, afinal as grandes lojas esportivas não vendem artigos de competições de menor expressão. É ter um calendário restrito por conta dos campeonatos estaduais, onde boa parte do ano não há jogos e você é forçado a se conformar com isso. É raramente os jogos do seu time serem televisionados, e você ter que se virar pra acompanhar a partida pelo rádio ou internet. É ficar descontente com as transações de mercado que a sua diretoria faz, ver atônito o desmanche do seu clube e as contratações de insucesso. É conviver constantemente com as complicações financeiras, administrativas e de visibilidade.

Torcer para um time “pequeno” é, além de tudo, viver as alegrias e superar os problemas. É não importar-se com as perguntas de sempre e estufar o peito para falar sobre o seu clube. É preservar sua história, viver seu presente e estimular as futuras gerações. É formar uma grande família de apaixonados e sofredores. É vestir seu manto com orgulho, respeito e paixão.

Torcer não tem tamanho. Tem amor, história e entrega!


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