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Será o fim dos vales?

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O governo federal, desde o início do ano, tem olhado com mais atenção o setor de vales-refeição e alimentação. Imaginava-se algum tipo de regulamentação, incluindo a portabilidade e o uso de um mesmo cartão em máquinas de diferentes operadoras. Agora, a proposta avançou por outro campo: a conversão dos valores dos cartões em Pix depositados diretamente nas contas dos trabalhadores.

A proposta parece apetitosa. O segmento movimenta 150 bilhões de reais por ano. Para restaurantes e canais de venda de alimentos, a vantagem seria o fim das taxas cobradas pelas operadoras, que oscilam, em alguns casos, entre 6% e 13%. Esse valor pode fazer muita diferença, especialmente para os pequenos empreendimentos.

A discussão levantada é se o valor depositado diretamente na conta não seria utilizado com outras finalidades. Setores contrários à medida argumentam que o risco é o dinheiro parar nos sites de apostas. Para outros, a cadeia de valor estabelecida seria muito vantajosa. O fato de o dinheiro estar na conta permitiria a compra em qualquer estabelecimento, independentemente de cadastro. Isso garantiria maior liberdade­ de escolha no caso de pequenos estabelecimentos, mercados, mercearias e outros canais. As redes de supermercados aceitam vale-alimentação. Em cidades menores e na periferia, nem todos os canais aceitam. Colocaria ainda uma receita extra nos estabelecimentos que não pagariam mais nada para as operadoras.

A injeção de 150 bilhões de reais diretamente como dinheiro, considerando o valor pago às operadoras, poderia gerar um aumento na receita na casa dos 9 bilhões de reais, no caso de uma taxa de 6%. Esse montante pode fazer a diferença em um setor que sofreu no ano passado.

Menos mesas

O ano de 2024 foi difícil para os restaurantes. O setor, que enfrenta desafios desde a pandemia, viu o sumiço de 29 mil unidades. Foram abertos 368 mil novos negócios e 397 mil foram fechados. Do total, 65% eram caracterizados como não MEI. Os dados são do Índice de Desenvolvimento do Food Service, da Wise Sales, desenvolvido em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos.

As MEIs dominaram a abertura de novos estabelecimentos. Segundo o mesmo levantamento, 70% dos novos locais estão nessa categoria. A explicação está na expansão do delivery, com novos vendedores sem canais físicos. São micro dark kitchens criadas para atender o consumidor com entregas. Esses empreendimentos, voltados para o delivery, representam 23% dos novos estabelecimentos.

O total de canais de vendas de produtos prontos, restaurantes, lanchonetes e outros, chega a 1,25 milhão espalhados pelo País. Para a grande maioria, especialmente para os pequenos e para os mais novos, a proposta do Pix para alimentação pode ter um impacto enorme. Para estes, qualquer centavo poderá ser um tempero a mais em seus resultados.

Fora de casa

A Melitta é uma das marcas mais fortes no segmento de café. A empresa tem penetração significativa nas casas com uma linha de produtos diversa. Atuando no Brasil desde 1968, a empresa alemã focou sua entrada no mercado com os filtros de papel. Apenas em 1980 lançou o café embalado a vácuo, fato que criou um diferencial de mercado. Agora ela avança novamente, só que para fora dos lares.

A Melitta comprou a Baristo, empresa que atua no food service fornecendo equipamentos e insumos para consumo de café fora do lar. A ideia central é incrementar a experimentação do Café Melitta e abrir novas oportunidades de vendas e consumo. A presença em restaurantes, especialmente, cria uma oportunidade de experimentação e fidelização para as marcas. A italiana Illy atua dessa maneira e constrói sua imagem com essa estratégia. Outra oportunidade para a Melitta é a exposição e experimentação de sua linha menos conhecida de produtos. A empresa possui produtos com diferentes tipos de cafés e também cápsulas. •

Publicado na edição n° 1361 de CartaCapital, em 14 de maio de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Pix-refeição’

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