Fora da Faria
Uma coluna de negócios focada na economia real.
Fora da Faria
Pílulas online
Com enorme capacidade logística, o Mercado Livre entra no comércio de remédios pela internet


O Mercado Livre anunciou sua entrada no segmento farmacêutico com a compra da Target, farmácia vinculada à startup Memed. A aquisição, que ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), coloca o marketplace com um pé no disputado comércio de medicamentos, mas com uma capacidade logística incomparável.
A operação foi estruturada para superar as restrições impostas pela Anvisa. As regras para a venda de medicamentos na internet determinam que os produtos só podem ser despachados a partir de uma farmácia devidamente regularizada – não podem sair de um centro de distribuição qualquer. O estabelecimento deve contar com a presença de um farmacêutico durante todo o período de funcionamento, e é proibido o comércio online de remédios controlados. Com a aquisição, o Mercado Livre resolveu as exigências de uma só vez.
A empresa quer adiantar-se aos concorrentes e disputar um mercado que faturou, em 2024, 158,4 bilhões de reais, alta de 11% em relação ao ano anterior. Em 12 meses, cada brasileiro comprou, em média, 37,4 unidades de medicamentos. Trata-se de um segmento com alto potencial financeiro e ideal para um operador logístico com capacidade para atender um país com as dimensões do Brasil. Os números são da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
Embora seja uma iniciativa nova no Brasil, a Amazon já atua nesse segmento nos EUA. Em 2020, a companhia lançou a Amazon Pharmacy, voltada à comercialização de medicamentos. Em 2024, estima-se que o negócio tenha faturado 2 bilhões de dólares – ainda pouco, diante de um mercado estimado em mais de 435 bilhões de dólares.
Vendas monstruosas
Talvez você ainda não tenha comprado um Labubu, mas é provável que alguém da sua família já tenha procurado, em algum marketplace, esse bonequinho de pelúcia de feição sapeca que está inundando o mundo. A chinesa Pop Mart, criadora da febre, registrou um crescimento de receitas de 204% no primeiro semestre do ano, alcançando 2 bilhões de dólares em faturamento e quase 600 milhões em lucro.
Do total de vendas, 40% ocorreram fora da China, incluindo o Brasil. Por aqui, o boneco custa 119 reais na Amazon. Um preço módico para quem quer aparecer nas redes sociais com os personagens que já posaram ao lado de Dua Lipa, Kim Kardashian e David Beckham.
Plantando energia
Na última semana, a Acelen Renováveis, braço do Mubadala Capital, inaugurou em Montes Claros, Minas Gerais, o Acelen Agripark, centro de inovação voltado à pesquisa e desenvolvimento da macaúba. Com 138 hectares, o complexo reúne experimentos, viveiro de mudas e capacidade de germinar 1,7 milhão de sementes de macaúba por mês, gerando 200 empregos. A obra integra o PAC, com investimentos de 258 milhões do BNDES. A inauguração, ocorrida no dia 29 de agosto, contou com a presença do presidente Lula.
O CEO da Acelen, Luiz de Mendonça, afirmou que o empreendimento é “o maior centro mundial dedicado à macaúba, transformando essa planta em solução energética escalável”. O destino do combustível será a aviação e o transporte pesado. A meta é produzir 1 bilhão de litros de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel verde (HVO), por ano.
Nova fábrica da Electrolux
A empresa divulgou o investimento de 700 milhões de reais em uma nova unidade em São José dos Pinhais, Paraná. A Electrolux pretende, em dois anos, buscar a segunda posição na venda de eletroportáteis, ficando atrás apenas da Mondial. O objetivo é chegar a um share de 20% do mercado.
A nova fábrica tem capacidade de produzir, inicialmente, cerca de 5 milhões de unidades por ano, podendo chegar a 6,5 milhões. Ela se concentrará na fabricação de liquidificadores e ventiladores, produtos que antes não vendia. Com a desativação de uma unidade de menor porte, as linhas de produção de aspirador de pó, filtro de água e máquina de lavar de alta pressão também serão abrigadas na nova unidade.
Loucos por carros
Dizem que os brasileiros são enlouquecidos por carros. Se você é um desses aficionados, pode comprar o ingresso que permite a visita antecipada, chamada de Avant-Première, ao Salão Internacional do Automóvel de São Paulo e outras experiências únicas por 1 mil reais. Se a paixão não for tão grande assim, o ingresso mais barato custa 58 reais e dá direito a ficar na fila entre os 700 mil visitantes esperados.
O evento retorna ao País depois de sete anos, período em que deixou saudade. Como o mercado brasileiro mudou com a chegada dos elétricos, híbridos e especialmente dos chineses, é de se esperar um salão com muitas marcas e inovações na disputa pela atenção dos brasileiros. •
Publicado na edição n° 1378 de CartaCapital, em 10 de setembro de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Pílulas online’
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.