Diálogos da Fé

Blog dedicado à discussão de assuntos do momento sob a ótica de diferentes crenças e religiões

Diálogos da Fé

Uma perspectiva social do islã em suas origens

O profeta Mohammad estabeleceu um governo plural e tolerante em Medina, 600 anos depois de Cristo

O islã nasceu republicano, antirracista e plural
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O islã, como religião, não está desvinculado de uma visão política e social, que aponta o estabelecimento de uma forma de liderança ou movimento, baseado na defesa de direitos que vê como legítimos e inalienáveis do ser humano, diante de sua condição de criatura à imagem e semelhança de Alá.

O islã compreende o que são as forças produtivas e faz a análise de que as mesmas não são desenvolvidas por uma sociedade contaminadas com ideias de usura, lucro, cujo objetivo final é a exploração de seus seres como meros reprodutores de concentração de capital.

As ideias islâmicas em sua origem apontam que, ao contrário de desenvolver uma sociedade saudável e equilibrada para o ser humano, o que se tem com este modelo social atual é a destruição das forças produtivas da humanidade, da natureza e do ser humano em todos os seus aspectos.

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A defesa da educação como base da organização social e cientifica e a busca do conhecimento sem fronteiras é uma das bases fundamentais do islã, e cabe ao Estado oferecer subsídios para isso e dar acesso ao conhecimento independente da classe social, raça ou sexo. Mais que um direito, é dever do cidadão demonstrar isso, prestando seu serviço à sociedade.

Fundador do islã, o profeta Mohammad combateu a ignorância, a idolatria, a escravidão e a misoginia comum àquela sociedade primitiva. Viveu de perto a experiência histórica de ser perseguido como subversivo, atirado na areia escaldante e marcado com ferros quentes como cita sua biografia heróica.

O governo de Meca oferecia mais de 100 camelos pela cabeça do profeta.

Ele foi obrigado a se exiliar. Sair de Meca para viver em Medina, onde estabeleceu o primeiro governo islâmico da história, 600 anos depois de Cristo, baseado em valores abolicionistas, feministas e de tolerância religiosa com as demais religiões.

Judeus e muçulmanos, cristãos coptas, estavam unidos em Medina, a Iluminada, onde se respirava uma atmosfera de fraternidade e lealdade entre aqueles que emigraram de Meca para Medina, ou a ela se aliaram para formar uma sociedade que se fortaleceu.

Casaram seus filhos entre a diversidade religiosa das três religiões monoteístas, estabeleceram leis comerciais nobres e estatutos onde constava também o compromisso social de espalhar esta revolução ou movimento da primeira República islâmica, que se tornaria uma bandeira  que  se opunha  às ideias de uma forma de governo  baseado na ignorância, barbárie, idolatria, machismo e exploração, além de colocar como alternativa social um governo de justiça que se opunha a toda forma de monarquia e era republicano.

De acordo com a visão islâmica, o universo se sustenta em bases de justiça e retidão.

A tolerância às demais religiões e culturas é uma característica do verdadeiro islã. Mohammad disse também que nenhum árabe é melhor que um não árabe e o que diferencia um ser humano de outro é o tamanho da sua fé. 

Mesmo muito depois, quando o islã governou Al Andalus, na Península Ibérica, o islã não venceu somente pela espada, mas pela palavra e convencimento. Não proibiu o culto cristão e até protegeu os judeus das fogueiras da inquisição europeia.

A República Islâmica do Irã nos dias de hoje convive com sinagogas judias, templos yazids sem perseguir ou desrespeitar estas comunidades e seus cultos, reconhecendo seus direitos, o que desmente que um governo islâmico seja hostil às demais crenças ou religiões.

Parece existir uma inteligência obscura e sabotadora infiltrada no interior da sociedade capitalista, promovendo e espalhando confrontos culturais criados artificialmente pela disseminação das fobias sociais, com o  propósito de colocar em choque as diferentes culturas existentes e jogar uns contra os outros.

Assim imaginam massificar a ideia de confrontar continentes inteiros, homens e mulheres, islã e judaísmo, sunitas e xiitas ou cristãos. Controlar estes cordões invisíveis de ódio é uma maneira de vender muitos rifles.  

Como se surgisse do interior de cada uma das culturas os “radicais” ou elementos que se radicalizam e se transformam em inquisidores modernos, agitando as massas num mini Vietnã de uns contra os outros .

Renascem assim os fanatismos, os racismos, os totalitarismos modernos e a  islamofobia.

Urge uma mudança social que derrote o projeto social dos atuais “líderes” mundiais e seu modelo econômico, destruidor das forças produtivas e potencialidades humanas. É necessário estabelecer um novo mundo  surgido de onde antes só havia injustiça e opressão a um mundo de justiça e liberdade.

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