Diálogos da Fé

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Ser humano é…

A mente é parte do coração que visa o material. E o coração é a janela da mente que se abre à espiritualidade

Fazemos laços... E também esquecemos
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Insan (ser humano) é uma palavra árabe. Sua etimologia contém dois significados. O primeiro define a relação de amizade, da conversa que dá tranquilidade e sossego. O outro significa esquecer. O ser humano possui ambas as características. Constrói boas relações e amizades, assim como se esquece.

Aqueles que comparam a criação a uma árvore consideram o ser humano a fruta.

“A fruta se encontra na ponta do galho, assim como o ser humano se encontra no fim da sequência da criação”. Assim que o ser humano chegar ao fim da sua função, uma era será encerrada (o fim do mundo) e a outra iniciada. Isso se chama kiyamet na terminologia religiosa muçulmana.

Deus diz que criou o ser humano como califa d’Ele no mundo. (Alcorão 2;30). A palavra califa explica que o ser humano tem total potencial de compreender e usufruir tudo o que tem e o que acontece na terra, assim como significa que tais acontecimentos podem fazê-lo alcançar a Deus por meio da reflexão.

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Compreender, conhecer e alcançar as metas, que devem ser buscadas e praticadas por meio deste conhecimento, fazem com que o ser humano detenha uma superioridade em relação a outras criaturas. Tal superioridade serve para que o ser humano entenda o propósito da criação e para que tenha a ocasião de realizar novidades. O principal significado do califa é isso: entender o propósito e intervir conforme necessário e aprendido pelo conhecimento.

As competências do ser humano são limitadas. Os sentimentos são, no entanto, infinitos. Esta infinidade de sentimentos abre o caminho para uma eternidade positiva, bem como negativa. O ser humano pode se aproximar de Deus, ultrapassando até os anjos. Caso prefira o caminho da maldade, pode cair aos mais baixos níveis da criação, deixando até o Satanás para trás (Alcorão 95;5-6). 

A vida no mundo continuará desde que haja ao menos alguém que entenda e viva conforme a essência da criação e a sua relação com Deus. Esse é o valor atribuído ao ser humano. O que vai causar o kiyamet (fim do mundo) é a perda dessa essência do ser humano. Tudo, até as alterações no sistema ecológico, é causado pelo fato de o ser humano usar seu potencial para o mal. (Alcorão 30;41)

As competências humanas são ligadas ao lado físico do ser humano, que é limitado e baseado nas condições do mundo em que vive. Os sentimentos baseiam-se, no entanto, na alma, e por isso são infinitos e eternos. O ser humano se abre à eternidade com seus sentimentos e com sua experiência que adquire por meio das competências físicas. Assim começa a beber da fonte da eternidade.

Aqueles que conseguem alcançar esse ponto se livram das complicações do mundo físico e ficam à espera da morte para poder ver aquilo que é eterno. Aqueles, contudo, que não puderam construir uma relação desta entre os sentimentos e a matéria temem a morte por não ter se livrado do mundo físico.

Tal relação entre o físico e o metafísico baseia-se na relação entre o coração e a mente. A mente compreende o mundo pelas  análises e sínteses. Abre-se pela aquisição do conhecimento e das pesquisas, assim como o coração se abre com as orações e adorações a Deus.

Portanto, a linha de conhecimento-razão-oração estabelece o caminho da física à metafísica. As orações e preces necessitam de análises e sínteses, bem como os conhecimentos do mundo físico. Tais análises e sínteses necessitam de uma boa relação entre o coração e a mente. Os indivíduos que não conseguem estabelecer esta relação coração-mente não podem cumprir o dever de ser califa.

O exame entre o coração e a mente é tão valiosa que no islã a reflexão de uma hora é considerada como uma oração de um ano. Aqueles que realizarem isso se livram dos conflitos física-metafísica, opinião-fé, ciência-religião, entre outros. Tais conflitos fazem parte de uma realidade do ser humano, assim como a alma e o corpo fazem. A mente é parte do coração que visa o material, e o coração é a janela da mente, que se abre à espiritualidade.

É assim descrito o significado real do ser humano.

* Tradução: Atilla Kus. Revisão: Mustafa Goktepe

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