Diálogos da Fé

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Sabrina, Dorothy, Marielle: bem-aventuradas as que lutam por justiça

As histórias dessas três mártires se encontram pela fé

Sabrina, Dorothy, Marielle: bem-aventuradas as que lutam por justiça
Sabrina, Dorothy, Marielle: bem-aventuradas as que lutam por justiça
Sabrina Bittencourt (Foto: Facebook)
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A notícia da morte de Sabrina Bittencourt, ativista dos direitos humanos, reponsável por denunciar líderes religiosos que cometem crimes sexuais, veio em um mês especialmente triste. Há 14 anos, a missionária Dorothy Stang foi executada com seis tiros, um deles na cabeça. E há um ano, a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram brutalmente assassinados. Até hoje não se sabe quem matou e quem mandou matar.

Bittencourt denunciara vários casos de abuso sexual no País, inclusive aqueles cometidos pelo guru Prem Baba e pelo médium João de “Deus”. Somente no Brasil, segundo ativistas ligados as duas organizações, são 185 as denúncias contra 13 líderes espirituais em fase de apuração.

A ativista foi criada em uma família mórmon, abusada desde os quatro anos de idade por integrantes da igreja frequentada pelos familiares. Aos 16, ficou grávida de um dos estupradores.

Dorothy Stang foi uma religiosa norte-americana naturalizada brasileira. Ingressou na vida religiosa em 1950, emitindo seus votos perpétuos – pobreza, castidade e obediência.

Professora em escolas da congregação, ainda na década de 1966 iniciou seu ministério no Brasil, na cidade de Coroatá, no Maranhão, escolhendo atuar perto dos trabalhadores rurais da Região do Xingu, contribuindo na minimização dos conflitos fundiários na região.

Participou da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e a luta dos trabalhadores do campo.

Marielle

Marielle, citada por Bittencourt antes de morrer, era de criação católica e muito próxima das religiões de matriz africana, nasceu e cresceu em uma favela do Complexo da Maré, no subúrbio carioca. Foi socióloga, política, feminista e defensora dos direitos humanos.

Crítica da intervenção federal no Rio de Janeiro e da Polícia Militar, denunciava constantemente abusos de autoridade por parte de policiais contra moradores/as de comunidades empobrecidas. Atuava também com familiares de policiais vítimas da mesma violência.

Leia também: O que se sabe até agora sobre a morte de Sabrina Bittencourt

A história dessas três mártires se encontram pela fé – que é um dos mais importantes fundamentos da vida religiosa, mas que está além da sua definição e delimitação – assim como a de milhares de mulheres que lutam, diária e cotidianamente contra o machismo, o patriarcado, o ódio e a violência, inclusive dentro dos espaços sagrados.

Essas mulheres, missionárias do amor e porta-vozes da esperança, não findam com a morte – como gostaria seus algozes -, mas revelam a fragilidade da vida e a coragem daquelas que acreditaram poder transformar o mundo num lugar mais justo, mais amoroso e livre de todos os tipos de abusos e opressões.

Finalizo com o exemplo da irmã Dorothy, que, segundo uma testemunha, antes de ser assassinada, ao ser indagada se estava armada, respondeu: “Eis a minha arma!”, antes de mostrar a a Bíblia, lendo em seguida alguns versículos das bem-aventuranças para aquele que logo em seguida lhe mataria.

Marielle, presente!

Sabrina, presente!

Dorothy, presente!

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