Diálogos da Fé

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Diálogos da Fé

O momento exige espírito de fraternidade

A pandemia nos mostrou que realmente não há uma diferença entre o branco e o negro, o muçulmano e o cristão, o religioso e o ateu

Foto: iStock
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Faz 2 anos que o Papa Francisco e o Sheikh Prof. Dr. Ahmad al-Tayeb, Grande-imam da Universidade de Al-Aazhar, assinaram o Documento Sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum.

O documento, para mim como um muçulmano, é uma reafirmação daquilo que é essencial na criação do ser humano: a fraternidade.

No islam, existe a crença de que toda a humanidade vem de um pai, o Adão, e de uma mãe, a Eva. O Profeta Muhammad, em seu Sermão de Despedida, havia declarado isso para todos que estavam presentes em 631.

O Profeta dizia, na sequência de suas palavras, que nenhum ser humano é superior a outro ser humano por nenhuma razão – cor da pele, etnia, língua e raça – a não ser na piedade para com Deus.

Já o Alcorão, na surata 49, versículo 13, ensina ao ser humano – ou seja, não somente aos muçulmanos – que todos fomos criados de uma mãe e de um pai em diferentes grupos e etnias para que conheçamos uns aos outros. Nesta perspectiva, o Alcorão ensina que não temos superioridade entre nós, senão na piedade. Ou seja, somos iguais uns aos outros aos olhos de Deus.

Portanto, o Documento Sobre a Fraternidade Humana, no que diz respeito à sua assinalação pelo Sheikh Ahmad al-Tayeb, foi apenas uma reafirmação do que o islam prega há 1400 anos.

A Organização das Nações Unidas, no final do ano passado, anunciou a data da assinalação do Documento Sobre a Fraternidade Humana, dia 4 de fevereiro, como o Dia Mundial da Fraternidade Humana. Para mim, tanto os dois religiosos que assinaram o documento quanto a ONU demoraram para tomar iniciativas desta natureza.

Passamos por momentos em que precisamos de mais espírito de fraternidade e amizade social. A pandemia de Covid-19 nos mostrou que realmente não há uma diferença entre o branco e o negro, o muçulmano e o cristão, o religioso e o ateu. Todos somos sujeitos a uma realidade imutável, que é a morte. Porém, todos nós vivemos e agimos nesta terra como se o amanhã fosse eterno e que nunca fôssemos partir dela.

Por isso, acabamos por discriminar, explorar, negligenciar e até matar uns aos outros. Essa realidade humana não é de agora. Por essas razões é que acredito que as iniciativas chegam atrasadas. Mas, como nunca é tarde demais, sempre há chances de mudar a realidade e cultivar as sementes da fraternidade entre os diferentes povos.

Estamos em um tempo em que precisamos, mais do que nunca, deixar de lado as nossas diferenças culturais, étnicas, raciais, religiosas e, sobretudo, políticas para nos solidarizarmos uns com outros.

Esta é, a meu ver, a mensagem que o Documento Sobre a Fraternidade Humana quis transmitir para nós e inspira a instituição do Dia Mundial da Fraternidade Humana.

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