Diálogos da Fé

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O mês de Ramadan acabou, mas a caridade permanece

Como o profeta Muhammad afirma, a caridade do Ramadã não é apenas uma ajuda financeira, mas um sorriso sincero e fraterno

(Foto: Ali AL-DAHER / AFP)
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O mês de Ramadan acabou no dia 24 de maio. É um mês marcado por jejum, caridade, devoção espiritual e intenso ritmo de oração por ser o período do jejum prescrito no Alcorão (2:183-185). A prática de jejum permanece durante um mês enquanto houver a luz do dia, isto é, começa com a alvorada e termina ao pôr-do-sol todo dia. Esta prática se baseia na abstinência total de comida e bebida. Porém, o significado não é apenas se abster de comida e bebida, ou ficar com fome e sede. O seu sentido é mais abrangente no que tange as relações pessoais e à compreensão dos menos favorecidos.

Desta forma, além de um ato de abstinência alimentar, ele se torna uma ação caridosa a partir do momento em que compreendemos a situação daqueles que nem em todas as refeições, ou nem todos os dias, têm o que comer. Além disso, consta, entre as práticas do mês de Ramadan, uma caridade chamada sadaqat al-fitr ou zakat al-fitr ou fitra. Embora o nome tenha três alternativas, o seu significado é único: ajudar os necessitados que cuja situação buscamos entender durante o jejum.

O conceito de sadaqa deriva da raiz sidq em árabe que literalmente significa “veracidade, fidelidade”. Terminologicamente é o termo usado para referência à caridade, aquela ajuda que se faz ao menos favorecido sem esperar algo em troca. O Alcorão trata deste tema em diversas passagens. Os estudiosos muçulmanos interpretam a maioria destas passagens como a caridade obrigatória que deve ser paga por qualquer muçulmano que tenha um limite mínimo de condições financeiras, isto é, zakat. Mas a caridade ultrapassa este limite de zakat e tange àquilo que; a. pode-se chamar de compensação de algum pecado; b. zakat al-fitr, que se paga no mês de Ramadan; c. caridade paga por alguma promessa feita; d. caridade que se faz voluntariamente.

 

O Alcorão afirma que “os crentes e praticantes da boa ação são aqueles, em cujas riquezas há parte para os menos favorecidos e pedintes” (70:24-25). Partindo do pressuposto de que tudo o que temos de bem não pertence a nós, mas sim, é aquilo que Deus confiou a nós, então, devemos dar àqueles que precisam e necessitam de uma ajuda e mão para se levantarem. Isto parte desde a prática de zakat, que é obrigatória para quem tenha condições econômicas suficientes, até a caridade voluntária que podemos fazer independentemente de nossas condições e situações econômicas.

Como o profeta Muhammad afirma, a caridade não é apenas uma ajuda financeira, mas um sorriso sincero e fraterno para o irmão de fé também pode ser uma caridade. Portanto, o jejum do mês de Ramadan e nos outros momentos do ano, enquanto uma forma de compreender a situação do outro, é uma forma de caridade desde que nos impulsione a ajudar o outro.

Estamos em um momento delicado que talvez nunca se viveu na história da humanidade. Estamos em confinamento e muitos não conseguem nem ter comida se não forem trabalhar. Estas pessoas têm, infelizmente, duas opções: ou ficam em casa para prevenir a doença, mas vão sofrer a fome e a miséria; ou vão ao trabalho, mas sofrerão o prejuízo de contrair a doença e ainda por cima levar para a família e a quem as rodeia. O mês de Ramadan é, para a comunidade islâmica, um momento caridoso. Ele acabou, mas acredito que o seu espírito de caridade deva permanecer entre nós como um ensinamento dele.

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