Mais amor, por favor

Dizem que só o amor conhece a verdade. Mais do que isso, se a gente pensar com um pouco de coerência, vai entender que o amor implica uma dimensão de comprometimento, indispensável para cuidar daqueles que despertam nossa estima e fundamental para atender às necessidades do povo.

Não basta a gente achar que o amor é apenas um vínculo emocional. É preciso olhar de forma mais abrangente e profunda, concebendo-o como um sentimento cheio de peculiaridades e como um poder supremo, talvez o único, capaz de aproximar todas as criaturas.

Pensem comigo, se não houver dedicação, entrega, solidariedade, não haverá um amor verdadeiro. Somente o amor consegue fortalecer a sociedade como um todo e integrar pessoas de variadas origens, crenças, raças, gêneros e ideologias. Só o amor se sobrepõe às diferenças.

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Se a gente não cultivar algum sentimento pelos amigos, pelos vizinhos, pelos colegas de trabalho ou de faculdade, pelos irmãos que professam outra fé ou pelos que sofrem os efeitos da vulnerabilidade, a gente não vai conseguir fortalecer nenhum tipo de relação, muito menos dividir os benefícios ou riquezas produzidos pelo País.

É utópico, eu sei, mas o amor deve ser um ideal da humanidade. Os valores que o amor evoca precisam nortear nosso convívio e tem que estar presentes em cada gesto, nos momentos de entendimento ou discordância, preconizando o diálogo, o debate e a troca de ideias, enaltecendo a condição humana, promovendo o desenvolvimento.

O amor é a grande arma que a humanidade deve usar para alcançar a paz e uma vida bela. Até do ponto de vista pessoal, observe que só com amor a gente pode chegar aos grandes objetivos. O amor não é apenas um sentimento, é a grande força que alimenta a esperança e que move qualquer ser na direção de um futuro pleno e abundante.

O poder para realizar e conquistar todas as coisas boas da vida é o amor. Quando a gente ama, não só usa o maior poder do universo como adquire uma força positiva sem limites. É essa força que deve emanar e irradiar de cada um para todos. Amor é axé.

Há um ensinamento dos mais velhos no candomblé que diz o seguinte: “Quem bem fizer pra si é, quem mal fizer pra si será”. Na vida, a gente recebe exatamente aquilo que dá. Portanto, é importante que a gente pense em tudo que vai fazer, pois os pensamentos determinam se palavras e ações serão boas ou ruins. Ao agir com amor ao próximo, a gente só pode gerar relações harmoniosas.

O poder do amor pode ajudar não só a conhecer, mas a saber usar as estratégias mais eficientes para estar perto e para influenciar. Quando a gente sente um amor verdadeiro, acredita ser capaz de dominar o mundo e, realmente, tem nas mãos o controle da própria vida e a certeza da felicidade. O amor é a realização da nossa vocação humana, sem a qual não se chega a nenhuma dimensão do sagrado.

Sentir a vida, estar pleno, forte e ativo, ter fé, ser grato e solidário, cultivar bons sentimentos e, dessa forma, perceber o poder dos bons pensamentos e das boas palavras. Se não há emoção, se não há sentimento, nenhum projeto pode se realizar. Se a gente não ama o que deseja, seja um bem material, seja um sonho improvável, simplesmente não tem como atingir.

Investir intensamente nos sentimentos bons, tanto para si quanto para a humanidade, é o que de fato transforma vidas. Essa mudança só ocorre quando a gente vibra positivamente e acredita que tudo pode melhorar. Isso, obviamente, não impede que as decorrências da vida nos atinjam. Ninguém está livre da doença ou da morte.

Agora, de que forma a gente reage a esses acontecimentos?

Fé acima de tudo e apesar de tudo. Como diz um samba-enredo: “Religiosamente acreditar, não importa a luz que te faz caminhar, tenha fé, que a fé não costuma falhar”. Quando a gente passa por alguma perda ou adversidade, é necessário se reequilibrar e isso só pode ser feito com bons sentimentos.

Somente a força do amor consegue transformar a vida com a rapidez que a gente precisa pra continuar. Se a gente não fosse capaz de evocar boas lembranças ou bons sentimentos, como esperança e sonhos, certamente não conseguiria sobreviver e seguir.

Por que será que a gente sempre faz piada com tragédias? Por que contamos piadas em velórios? Por que a gente se abstrai e procura se divertir em momentos tão difíceis? Como disse T. S. Eliot, a espécie humana não suporta demasiada realidade.

É preciso se afastar das coisas que não ama. É melhor não nutrir nenhum sentimento em relação àquilo que não nos faz bem. Ser indiferente é a alternativa mais adequada.

O candidato à presidência esfaqueado, por exemplo, atraiu para si mesmo essa fatalidade. Ao enaltecer o uso da violência e apontar o confronto, inclusive armado, como solução para os graves problemas sociais brasileiros, acabou vítima exatamente do que pregava, ou seja, combater o mal com um mal ainda maior.

Há poucos dias se mantinha a candidatura de Lula, que apesar de preso e execrado por boa parte dos brasileiros, manteve a liderança na corrida eleitoral e provavelmente seria eleito em primeiro turno. Mesmo com toda perseguição e injustiça, tendo sofrido perdas irreparáveis nesse processo, como a morte de sua esposa, Marisa Letícia, ainda assim seguiu pregando a esperança e prometendo que o Brasil voltaria a ser feliz.

Sabem o que realmente falta em nosso País? Amor. E aquele que oferecer amor ao povo receberá amor e será bem-sucedido. Claro que tem muita coisa errada, somos humanos e isso faz parte, mas se não houver compreensão, se a gente não aceitar que a verdadeira mudança depende de todos e não de um salvador da pátria, a gente vai se arrepender.

A gente tem que acreditar, pois a fé influencia decisivamente no resultado de nossa vida. Encher o mundo de amor, abolir todas as culpas, abandonar os ressentimentos e encarar aquilo que não é bom como algo desafiador. Não existe poder maior que o do amor. Apenas com amor se pode conquistar todas as coisas e construir a felicidade.

Como oferecer amor? Seja gentil, transmita coragem e apoio, cultive a gratidão, tenha boas atitudes e pratique boas palavras. O amor está por trás de tudo de bom e é o princípio da dádiva. O amor é a força vital, o que permite que tudo se realize, é o grande axé que movimenta todos os seres. As coisas ruins decorrem da falta de amor, que alimenta seres e ideias nocivos.