Diálogos da Fé
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Khashoggi e o mercado ilegal de armas
O jornalista teria sido morto para não revelar o uso de armamentos químicos pela Arábia Saudita nos ataques ao Iêmen


Em meio à disseminação do ódio e de rumores de liberação de armas no Brasil, o lucrativo negócio da venda e trafico de armamentos pesados e ilegais é o que move a economia dos países que lucram com a barbárie .
Fontes da mídia britânica revelaram que, antes de morrer, o jornalista do Washington Post Jamal Khashoggi teria compartilhado com um amigo sua preocupação de que “algo” pudesse lhe ocorrer. Khashoggi reunia provas sobre o uso de armas químicas pela Arábia Saudita nos ataques ao Iêmen.
O jornalista, tudo indica, sabia demais sobre o uso dessas armas químicas, subministradas pelos Estados Unidos, motivo para o seu assassinato. O serviço de inteligência britânico, o MI6, chegou a interceptar um plano para sequestrar e matar Khashoggi.
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Houve reações. A chanceler Angela Merkel proibiu a venda de armas aos sauditas até o esclarecimento do caso. O Reino Unido e a Espanha são, porém, cúmplices da matança. O objetivo das duas nações tem sido unicamente vender mais armamentos ao regime saudita sem se importar com as consequências. Assim como a França, que por meio das declarações do presidente Emmanuel Macron expressa sua frieza ao dizer: “O que a morte de Khashoggi tem a ver com a venda de armas?”
A Arábia saudita bombardeia diariamente com armas de todo tipo, inclusive sujas, áreas ocupadas por civis desarmados .
No Brasil, a empresa Avibras produz bombas de fragmentação usadas contra o Iêmen. Quando lançadas, as bombas expelem centenas de outras pequenas bombas que se espalham e explodem por toda parte. O modelo é conhecido como Sprengbombe Dickwandig 2 kg (SD-2).
Primeira bomba ‘cluster’ – ou bomba-cacho de fragmentação, ou bomba de dispersão -, foi usada pela Luftwaffe, a esquadra aérea nazista, durante os ataques ao Reino Unido. Em alvos civis e militares.
A venda de armas e a infiltração de mercenários são negócios bilionários. O mercado supera os lucros com petróleo. No fim das contas, visam a pilhagem das riquezas dos povos e perpetuam as violações das soberanias nacionais e dos direitos humanos.
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