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Fundação Pierre Verger relança o clássico “Lendas Africanas dos Orixás”

A obra é um dos títulos mais procurados por pesquisadores, religiosos e interessados em assuntos da diáspora africana

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Criada em 1988 pelo fotógrafo francês, a Fundação Pierre Verger tem como um dos seus principais objetivos preservar, organizar, pesquisar e divulgar a obra do seu instituidor. Funcionando na casa onde Verger viveu durante muitos anos até a sua morte, em 1996, a Fundação cuida de um patrimônio cultural de inestimável valor antropológico, etnográfico e artístico, construído ao longo de 60 anos de viagens pelos cinco continentes e de incontáveis horas de dedicação à escrita das histórias, experiências e estudos sobre as culturas e os povos que ele conheceu ao redor do mundo.

Com 30 anos de existência, completados e celebrados recentemente, a Fundação Pierre Verger segue desenvolvendo ações que ampliam o acesso à obra de Fatumbi e possibilitam ao público o encontro com esse acervo. São publicações e reedições de livros, exposições e seminários, além de outras atividades socioculturais desenvolvidas com a comunidade da Vila América, local onde a Fundação está situada.

Com sua primeira edição lançada em 1985 pela Editora Corrupio, o livro “Lendas Africanas dos Orixás” é um dos títulos mais procurados por pesquisadores, religiosos e interessados em assuntos da diáspora africana. A obra traz um compilado de lendas, cuidadosamente coletadas por Verger em 17 anos de sucessivas viagens pela África Ocidental, desde 1948, período em que se tornou Babalawô (1950) e quando recebeu do seu mestre Oluô o nome de Fatumbi.

Todas essas lendas foram anotadas por Verger a partir das narrativas desses sacerdotes de Ifá, os babalawôs africanos, pais do mistério sagrado. Como diz Arlete Soares no texto de apresentação da primeira edição, são “histórias que constituem, todas elas, testemunhos diretos e espontâneos da cultura iorubá, cuja influência na nossa cultura faz-se sentir de maneira tão acentuada”.

Apesar de Pierre Verger ser conhecido mundialmente por seu trabalho fotográfico, “Lendas Africanas dos Orixás” não tem nenhuma das fotografias produzidas por ele. No entanto, a imagética das histórias dessa obra recebe o auxílio luxuoso de Carybé, que assina as 24 ilustrações. O artista visual nascido na Argentina e grande amigo de Fatumbi traduz com carinho, sensibilidade e cuidadosas informações etnográficas o espírito da magia dos orixás, que é fruto da sua intimidade com o candomblé da Bahia.

Esta nova edição de “Lendas Africanas dos Orixás” é uma publicação da Fundação Pierre Verger e traz como uma das principais novidades o prefácio assinado por Reginaldo Prandi, sociólogo e reconhecido escritor brasileiro sobre as mitologias dos orixás, com o texto “Um babalaô me mostrou”, no qual o professor destaca o quanto esta publicação tem contribuído para repor parcela significativa da tradição esquecida de parte do patrimônio mitológico iorubá por força da adversidade da vida dos africanos no Brasil.

Com edição de arte e design gráfico de Enéas Guerra – também responsável pela primeira edição – e projeto editorial da Solisluna Design Editora, “Lendas Africanas dos Orixás” chega com uma tiragem de 4.000 exemplares, em capa dura, no formato 21,7 x 27,6 cm. Nas suas 100 páginas, além dos 24 textos e ilustrações originais, o livro apresenta uma fotografia dos artistas, texto de apresentação de Gilberto Sá, o prefácio original de Arlete Soares e o texto de Prandi. A impressão é da Ipsis Gráfica.

A Fundação Pierre Verger lança a nova edição desse grande clássico da mitologia dos orixás no próximo dia 12 de setembro, às 19 horas, na Galeria Marcelo Guarnieri, em São Paulo. “Lendas Africanas dos Orixás”, assinado por Pierre Fatumbi Verger e Carybé, retorna às prateleiras das livrarias após três anos de grande procura dos leitores.

Aplicativo para celulares permitirá às pessoas ouvirem todas as lendas do livro

O evento de lançamento acontecerá durante a exposição que apresentará os desenhos originais de Carybé que foram produzidos a pedido de Verger para ilustrar o livro. As obras expostas fazem parte da coleção de Gilberto Sá, Presidente da Fundação Pierre Verger e amigo dos artistas. A noite festiva reserva, ainda, alguns atrativos extras para o público que comparecer: junto ao livro, a Fundação lançará um aplicativo para celulares que permitirá às pessoas ouvirem todas as lendas do livro, narradas pela Ebômi do Ilê Axé Opô Aganju e contadora de histórias da Fundação Pierre Verger, Nancy de Souza, carinhosamente chamada de Vovó Cici, que também abrilhantará a noite com sua presença sempre muito esperada.

Para utilizar, bastará apenas fazer o download, instalar e colocar a câmera do aparelho sobre a ilustração de Carybé que, automaticamente, o aplicativo reconhecerá a imagem e iniciará a narração do seu texto de referência. Este recurso já vem sendo utilizado pela Fundação nas últimas exposições de Verger e, segundo conta Alex Baradel – responsável pelo Acervo Fotográfico e idealizador do aplicativo: “é uma forma de disponibilizar conteúdos extras ao público, promovendo, também, acessibilidade às crianças e às pessoas com deficiência visual”.

 

O aplicativo funciona não apenas com as imagens do livro e da exposição, mas em qualquer outro suporte onde as ilustrações possam ser reconhecidas, como, por exemplo, a tela de um computador, e se constitui, também, em uma ferramenta interessante de ser utilizada para inserção das culturas africanas e afro-brasileiras em espaços de educação, especialmente os que trabalham com o público infanto-juvenil. Outro bônus da noite será o valor promocional do livro que, nesse dia, será vendido por 48 reais.

A programação segue no dia 14, quando acontecerá, a partir das 10 horas, uma atividade no mesmo local com Vovó Cici, na qual a griot narrará textos do livro entre outras histórias da inesgotável cultura do culto aos orixás africanos. Não deixe de levar seus filhos e crianças para vivenciarem esta experiência única.

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