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Deus, religião e uma reflexão sobre o que é ilógico

Para Kant, Deus não é provável pela ciência, mas não por isso é que se deve negar a existência dele

As escrituras recriminam o machismo e a escravidão
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Embora saiba que muitas das discussões que trago aqui precisam de pesquisas profundas, escrevo para provocar opiniões em torno dos assuntos para que, talvez no futuro, eu possa elaborar artigos ou pesquisas mais objetivas possíveis com base nos comentários dos leitores. Como eu dissera anteriormente, procuro as ideias dos leitores em relação aos meus artigos para seguir uma linha de escrita para responder a eles, se é que eles leem mesmo os artigos. Digo isso pois muitas vezes costumamos julgar as notícias ou os artigos somente pelos títulos, e não pelo conteúdo. Para obter informação sobre a opinião do leitor vou atrás dos comentários nas redes sociais da revista e acompanho as discussões.

Num dos últimos artigos, tentei abordar a ideia de que o ser humano precisa da religião e da ciência na mesma medida. Logo após a publicação do artigo acompanhei os leitores nas redes sociais. Muitos, porém, estavam me contestando em relação à ideia. Para eles, o ser humano não precisava da religião minimamente, Deus não existia e a religião servia para que o ser humano se sentisse inferior a alguém ou algum ser.

Em sua obra Natural History of Religion, o filósofo britânico David Hume afirma que é inerente ao ser humano a tendência de acreditar em seres sobrenaturais. Isto é, acreditar em Deus ou qualquer outro ser supremo é algo da natureza humana, e não uma imposição da religião. A religião é, talvez, a forma sistematizada desta tendência.

Desde o Iluminismo, a religião foi vista como um “empecilho” em frente ao desenvolvimento científico. O fato, claro, tem suas raízes, porém, foi generalizado a todos os tipos de credo. Enquanto no ocidente certos religiosos se posicionaram contra os estudos dos cientistas, o desenvolvimento científico e filosófico, no Oriente, era promovido por pessoas aderentes a alguma tradição “religiosa”, e isso não era impedido. No islam, por exemplo, os estudos filosóficos ajudaram na sistematização de alguns estudos islâmicos. Porém, a contestação da ciência no ocidente causou uma generalização de que “a religião e a ciência são incompatíveis”. Em contraste a esta ideia, no mundo islâmico, autores como Nursî afirmaram que na tradição islâmica a realidade era diferente.

Para Kant, Deus não é provável pela ciência, mas não por isso é que se deve negar a existência dele. Portanto, e como já fora afirmado, há questões que podem ser respondidas pela religião, e neste ponto a ciência não consegue se manifestar. Assim como há pontos em que a ciência possui explicações, mas a religião não consegue fazê-lo. Então, uma vez que a religião não é um “empecilho” em frente à evolução científica e intelectual do ser humano, falar que a existência de Deus, ou de um ser supremo, é ilógica e não é cabível demonstra um vazio intelectual por parte de quem o afirma. Necessita-se, portanto, de estudo e pesquisa. Se é que negar-se-á a existência de Deus, deve haver uma base intelectual para isso, assim como, no caso de quem afirma que a religião atende todas as questões da humanidade, é preciso de um aprofundamento lógico.

Ao terminar a minha conversinha com o meu querido leitor, gostaria de reafirmar o que já afirmei: o ser humano precisa da ciência tanto quanto da religião, mas na medida em que possa perceber que ambas são campos diferentes e necessários a ele.

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