Errata: Este texto originalmente informou que Malba Tahan seria um sábio árabe, quando na verdade trata-se do pseudônimo do escritor brasileiro Júlio César Mello e Souza. O artigo abaixo já foi corrigido.
Todas as chamadas ciências, na visão ocidental, são frutos de uma sorte de experimentos e sentidos na ação de demonstrar um fenômeno.
Na visão islâmica, o conhecimento vem da consciência, que tem o saber como sistema unificado. Consciência da criação do universo, que consideram também a filosofia (falsifa, em árabe) e as chamadas ciências empíricas, não só a física, mas a metafísica, sem a dissociação feita pela ciência ocidental.
A palavra religião também tem conotações bem distintas no Ocidente, algo ligado apenas ao lado individual espiritual e particular de cada indivíduo, mas em um Estado que, pela usura, cria diferenças sociais que tornam o indivíduo marginalizado na ação social.
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Esse modelo religioso servia bem mais para manipular as massas e se apropriar de terras do que para colaborar para o desenvolvimento do ser humano.
Din é o nome que se dá para religião na língua árabe. É todo um modo de vida que abarca os aspectos da vida humana.
As ciências tiveram seu grande auge nos primeiros anos do islã. O sagrado Alcorão menciona diversas vezes os astros do céu aparente e os planetas e fez estudos das órbitas lunares.
O Alcorão descreve fendas do fundo do mar bem antes da invenção do batiscafo e onde nem as mergulhadoras asiáticas de pérolas foram capazes de chegar.
Descreve como se dá a reprodução biológica humana dentro do útero: “Nós criamos o homem de uma gota de esperma e depois o transformamos em algo que se agarra” (surata 22, versículo 5)
E a evolução do embrião: “Sendo que vos criou gradativamente” ( surata 71, versículo 14)
Muitas ciências tem nomes árabes e seus primeiros pesquisadores eram sábios muçulmanos. Matemática ou Malba temática, os estudos numéricos e cálculos do do escritor brasileiro Júlio César Mello e Souza, que usou o pseudônimo de Malba Tahan.
Álgebra ou Al jabr, que em árabe significa a arte de reunir fragmentos.
E a medicina, derivada do nome do grande fundador e estudioso Ibn Sina, que desenvolveu hospitais e tratamentos, islâmicos, completamente diferentes dos praticados no Ocidente.
Enquanto a Europa morria com a peste negra, pela falta de higiene, saneamento e ratos e pelo desperdício de comida, o islã, mesmo nos desertos mais áridos do globo, fazia com que seus seguidores se abluíssem e higienizassem antes de adorar a Alá, cinco vezes por dia, por meio da purificação e considerar a higiene como parte da fé e da religião.
A ciência islâmica também abarca o conhecimento de si mesmo. Não há ciência sem intuição humana, sem visão filosófica, segundo o islamismo.
O Ocidente se nutriu por meio da Europa, especialmente da Itália e da Espanha, do conhecimento do mundo antigo que o islã trouxe consigo, por sua maneira de observação da natureza, e que colaborou com a expansão marítima, cujo louros ficaram com os europeus. Graças aos capitães mouros, seus mapas e observação dos astros foi possível desbravar os sete mares.
O renascimento na Europa em realidade se deu por meio do islã.
Os centros tradicionais de conhecimento, tanto de Alexandria quanto de Atenas, estavam fechados em tempos de obscurantismo, até que o Alcorão e sua leitura começaram a impulsionar as ciências por meio de sua revelação das ciências descritas no livro sagrado com forte caráter religioso e de vivência humana, que, para o muçulmano, é o que dá sentido à ciência.
O conhecimento do bem e do mal, descrito no livro do gêneses da Bíblia é diferente da interpretação do Alcorão da criação, que diz que se deve buscar o conhecimento e que não há maldade nele.
Galileu Galilei e outros cientistas foram vítimas desta interpretação da gênese e das traduções equivocadas, de que não se pode revelar a verdade a respeito da relação do sol com os planetas, por exemplo, sob pena de desafiar as mentiras que fazem com que o Estado domine o indivíduo e o mantenha afastado de poder descobrir tanto a si mesmo quanto as ciências libertadoras, caso tivesse livre acesso a este conhecimento.
A ciência é vista por nós muçulmanos como uma consciência de sentido do conhecimento transcendental ou uma visão interior da realidade lógica natural, que une a física à metafísica e fala de coisas que deixariam os cientistas ocidentais irritados, como “coração” ou que a observação da natureza deve se basear na “piedade”.
Perguntaram ao Profeta qual seria o homem mais sábio. Ele respondeu: O homem mais sábio é o mais piedoso.
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