Diálogos da Fé

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A batalha entre a Marcha para Jesus e a Parada LGBT+ não precisaria acontecer

Independentemente das posições, o fato é que a sociedade está cada vez mais mobilizada em debates e embates ligados a noções de moralidade, existência, reconhecimento e identidades

Ministro dos Direitos Humanos discursa na 27ª Parada do Orgulho LGBT
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Na última semana, assistimos à Marcha para Jesus e à Parada do Orgulho LGBTQIA+, dois dos maiores eventos públicos que acontecem em São Paulo. Há anos, estes eventos rivalizam para ver qual grupo atrai mais manifestantes, políticos e autoridades – e, consequentemente, quais dos públicos demonstram mais influência na sociedade.

É claro que essa disputa não precisaria acontecer, pelo menos não dessa forma. Afinal, existem LGBTQIA+ religiosos, inclusive evangélicos, bem como religiosos de diferentes orientações sexuais. Apesar de suas lideranças, essa intersecção é um fato, e podemos inclusive pensar que há casos de pessoas que vão em ambas as marchas. No entanto, dado o histórico de polarização entre os grupos, a relação é de rivalidade.

Neste ano, a Marcha para Jesus levou políticos de direita, teve discursos contra o governo e até vaias para o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, que foi à marcha representar Lula – que foi convidado, mas sabiamente recusou o convite, prevendo a hostilidade da plateia. Já a parada LGBTQIA+, por sua vez, contou com políticos de esquerda e discursos contra o antigo governo.

A polêmica relacionada aos eventos, esse ano, no entanto, foi outra. Ela ficou a cargo do pelotão de crianças, na parada LGBTQIA+, empunhando a faixa “crianças trans existem”. As imagens do ato geraram artigos e discussões, mas principalmente circularam nas redes sociais – não só no Twitter, mas em centenas de grupos, religiosos ou não, do WhatsApp e Telegram.

Do ponto de vista da esquerda presente no evento, foi uma afirmação necessária da existência de um dos grupos mais marginalizados em nossa sociedade. Do ponto de vista da direita, foi a confirmação de que a esquerda quer romper com a família tradicional e não respeitaria, para tal objetivo, nem a inocência das crianças. As discussões nas redes sociais seguiram com argumentos parecidos com estes, intercalados com uma ou outra discussão que se afasta do campo dos conteúdos e se aproxima do da forma e estratégia de ação dos grupos.

Tamanho debate faz com que constatemos que, independentemente das posições, o fato é que a sociedade está cada vez mais mobilizada em debates e embates ligados a noções de moralidade, existência, reconhecimento e identidades. Nesse sentido, certamente assistiremos a cenas e argumentos da disputa entre as marchas na campanha eleitoral do ano que vem.

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