COP30
Dois dedos de prosa com Ana Toni, diretora-executiva da COP30
A economista fala a CartaCapital sobre o desafio de unir diversidade, floresta e prosperidade numa mesma narrativa global
Por
Maurício Thuswohl
07.11.2025 17h13
Diretora-executiva da COP30, a economista Ana Toni participou ativamente do processo de construção da Conferência que começa na segunda 10 em Belém. Em conversa com CartaCapital, a ex-secretária nacional de Mudança do Clima ressalta o aspecto participativo que antecedeu à COP e fala sobre o que espera da participação brasileira em Belém.
Confira a seguir:
CartaCapital: Com os números recentes sobre a redução das emissões e o desmatamento, o Brasil chega em posição de força à COP30?
Ana Toni: Com a redução do desmatamento nos últimos três anos na Amazônia e no Cerrado, conseguimos evitar a emissão de mais de 700 milhões de toneladas de CO2. Esse resultado é consequência da retomada de políticas ambientais e climáticas robustas. A COP30 é reflexo desse processo.
CC: Qual o balanço do processo de preparação da COP30?
AT: Nos últimos meses, realizamos consultas com todos os países, tivemos centenas de reuniões e encontros com representantes da sociedade civil, de governos subnacionais, do setor privado, de povos indígenas e comunidades tradicionais, entre vários outros grupos. Desenhamos a governança da COP30 para aumentar a diversidade e a pluralidade de vozes, com círculos, conselhos e enviados especiais.
CC: Com o impasse em relação ao financiamento e aos combustíveis fósseis, o maior avanço da COP30 se dará no combate ao desmatamento?
AT: Esta é uma COP na Amazônia, e não há como combatermos a mudança do clima sem mantermos nossas florestas em pé, preservarmos os oceanos, fizermos o reflorestamento.
CC: Quais os principais nós a desatar na Conferência?
AT: Um ponto-chave é aceleramos a adaptação. Isso não significa que devemos desistir da mitigação, mas realizá-las simultaneamente. O aumento da intensidade e da frequência de eventos climáticos extremos deixa claro que precisamos ser mais resilientes diante desta nova realidade.
Outro ponto é mostrar que o combate à mudança do clima demanda um casamento com a economia. Prosperidade não é antagonista ao combate à mudança do clima, mas sim duas coisas cada vez mais umbilicalmente conectadas.
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