Barraco da Rosa

Afinal, nascemos no corpo errado? Ser trans não é doença!

Não é por que necessitamos de cuidados, no acompanhamento de um processo hormonal, por exemplo, que o Estado pode nos tratar como doentes

Foto retirada do site antigo
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Vivemos no País que mais mata pessoas trans e travestis no mundo, onde a expectativa de vida de trans e travestis é cerca de 36 anos e a forma como a sociedade nos trata tem papel preponderante nessas estatísticas. Grande parte da sociedade ainda tem um pensamento bastante equivocado e acha que as pessoas trans nascem no corpo errado, por isso são doentes.

Historicamente a medicina utilizou esse discurso patologizante para diferenciar mulheres trans das travestis, sendo que esse conceito científico de que nascemos no corpo errado (logo, somos doentes) não é um consenso entre as próprias mulheres trans, travestis, homens trans e pessoas transgêneros no geral.

Nesse sentido, qual a dificuldade dessa parcela da sociedade em apenas respeitar nosso espaço de fala ao invés de dar vazão a posicionamentos reacionários que diminuem a existência plural de pessoas trans à “ideologia-de-gênero-para-subverter-a-família”?

Em 2018, no começo do ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a transexualidade da lista de doenças mentais, mas continuamos no catálogo como “incongruência de gênero”, chamando atenção pra algumas especificidades que corpos trans apresentam na visão da medicina historicamente voltada para pessoas cisgêneros.

Em outras palavras: não é por que necessitamos de cuidados especiais no acompanhamento de um processo hormonal, por exemplo, que isso dá direito ao Estado de nos tratar como pessoas inferiores e doentes.

Entrevistando Lam Matos, que falou sobre seu processo de transição de gênero, seu ativismo de 16 anos, sobretudo como era ser trans nos anos 90 e como o Estado vem mudando a partir do diálogo constante e aberto com pessoas trans, afinal, apenas nós mesmas para definirmos quem nós somos.

Leia também: Os direitos LGBTI+ correm risco com o próximo governo?

“Ser o que somos não tem preço, viver uma mentira nos enlouquece” é a frase do escritor João W. Nery que Lam Matos utilizou para terminar nossa conversa sobre a despatologização das identidades trans, assunto bastante pautado nas redes sociais e espaços de militância e articulações políticas da sociedade civil no último ano. “a doença de verdade está na transfobia”, afirma Lam Matos.

Confira a entrevista na íntegra a seguir:

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