Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Wanderléa grava choros e diz que faltava esse trabalho em sua discografia

A artista relata que teve contato com o gênero desde cedo, mas a Jovem Guarda foi tão forte que não conseguiu se dedicar ao estilo

Foto: Divulgação
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O choro está na memória afetiva de Wanderléa. Ainda criança, teve contato intenso com o gênero. Cantora em início de carreira, ela se apresentava em programas da Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, acompanhada do Regional do Canhoto, um dos mais importantes conjuntos musicais da época. O grupo tocava vários estilos, mas o choro era o grande destaque.

“A Jovem Guarda foi tão forte que não pude registrar mais essas coisas. E logo depois da Jovem Guarda gravei a nata da música brasileira”, diz ela em entrevista a CartaCapital. “Fiz vários discos e sempre que possível colocava um chorinho por gostar mesmo do gênero.”

“Reavivei o repertório com uma lembrança afetiva. As pessoas que me acompanharam depois da Jovem Guarda sabem que eu gosto de choro. Mas o grande público mesmo vai ter uma surpresa com esse disco.”

O andamento mais acelerado do choro cantado estabeleceu uma nova forma de interpretação para Wanderléa. Ela lembra que ouvia Ademilde Fonseca, a Rainha do Choro, e se encantava com a velocidade da voz.

“Cantar choro é bem diferente. Tem que ter um bom fôlego. Tem que ter uma articulação, porque é tudo muito rápido”, ressalta. “Choro realmente tem que gostar. É um gênero dos primórdios do que representa a música no Brasil, sofisticada, com músicos de excelência.”

Wanderléa diz estar “muito feliz” com o novo trabalho – com o nome de Wanderléa Canta Choros (selo Sesc) -, que tem um repertório marcado por clássicos do gênero e um choro dedicado a ela – de Douglas Germano e João Poleto, intitulado Um Chorinho Para Wandeca.

“Tenho um carinho especial por Galo Garnizé (Luiz Gonzaga, Antônio Almeida e Miguel Lima), que sempre achei muito divertido”, prossegue, sobre uma faixa de seu novo disco. “Acariciando é tão poética, delicada”, menciona outra, de autoria de Abel Ferreira e Lourival Faissal.

“Isso vai ser minha contribuição para a música brasileira. Ouvirem os chorões brasileiros”, avalia. “Estava faltando reportar ao choro (na discografia). Enquanto tiver força e alegria, vou continuar.”

No último dia 5, foi lançada uma das faixas do disco, Delicado (Waldir Azevedo e Ary Vieira), com a participação do bandolinista Hamilton de Holanda – disponível no portal Sesc Digital.

No próximo dia 12, será lançado o álbum nas plataformas de música, que tem ainda os seguintes choros (além dos já citados) cantados por Wanderléa: Pedacinhos do Céu (Waldir Azevedo e Miguel Lima), O Que Vier Eu Traço (Alvaiade e Zé Maria), Doce Melodia (Abel Ferreira e Luiz Antônio), Apanhei-te, Cavaquinho (Ernesto Nazareth, Darci de Oliveira e Benedito Lacerda), Uva de Caminhão (Assis Valente), Nova Ilusão (Zé Menezes e Luiz Bittencourt), Carinhoso (João de Barro e Pixinguinha) e Brasileirinho (Waldir Azevedo e Pereira da Costa).

A direção e a produção musical do álbum Wanderléa Canta Choros são de Mario Gil, com pesquisa de repertório de Roberta Valente, que toca pandeiro na gravação do disco. Os músicos de acompanhamento são conhecidos em rodas de choro de São Paulo, como o excelente Zé Barbeiro (violão de 7 cordas), Milton Mori (bandolim), João Poleto, Alexandre Ribeiro (sopros), Douglas Alonso (percussão), dentre outros.

Essa formação remete o disco aos velhos tempos dos grupos regionais precursores e divulgadores do choro, com execução mais rústica e verdadeira do gênero. Wanderléa se sai muito bem cantando nessa roda – é uma grande cantora. O álbum vale a pena ser ouvido.

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