Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Vanessa Moreno: ‘Tudo o que se faz é político. Estar no mundo é um ato político’
Cantora fala do período da pandemia, em que lives e gravações nas redes sociais fizeram-na ganhar reconhecimento e muitos acolhimentos


A cantora e compositora Vanessa Moreno, com seis álbuns lançados, consolidou sua carreira nos últimos dois anos em meio à pandemia. Pelas redes sociais, no período de isolamento, com lives e gravações originalíssimas, voz criando sons, muito ritmo e expressividade, ela foi ganhando público.
“A pandemia foi que me fez achar mais coisas e colocar para fora. Brincar com sons sempre foi algo que acreditei. Ajudou a me transformar”, diz a artista em entrevista a CartaCapital. “As pessoas estavam precisando do mesmo que eu: abraço, acolhimento e companhia. Existia minha vontade de dividir com as pessoas a música que me habita, de transbordar, de fazer se sentirem melhores, sentirem abraçadas”, acrescenta Vanessa, que por dois anos seguidos (2017 e 2018) foi eleita a melhor cantora do Prêmio Profissionais da Música.
Na internet, recebeu várias manifestações de carinho. “Tive feedbacks bem bonitos. Do disco Sentido (trabalho solo lançado no ano passado), da música que compôs com Lari Finocchiaro (De Lua Cheia), uma pessoa fez um relato muito bonito de que ouvia a música todo dia enquanto ela esteve internada com Covid”, conta Vanessa. “E ela sentia (a música) como se fosse parte do tratamento. Ela melhorou e fez questão de dizer isso. Receber relatos como este faz com que você ganhe ainda mais força”.
A cantora, que no ano passado, além do álbum solo Sentido, apresentou o disco Yatra-tá em duo com o pianista Salomão Soares, diz que além da gravidade que o período trouxe, muito delicado em muitos aspectos, teve a questão do descaso com a cultura.
“A nossa classe foi a primeira a parar e a mais instável. A gente passou por vários processos emocionais. Não só as pessoas que estão na linha de frente da música, mas que estão ali trabalhando para quem está aparecendo. Muita gente teve dificuldade”, diz.
Vanessa Moreno andou também se manifestando nas redes sociais sobre o momento difícil que vivemos, não somente por causa do coronavírus.
“Tudo que a gente faz é político. Estar no mundo é um ato político. São escolhas diárias. Às vezes, a gente está dizendo coisas às pessoas de forma implícita. Não está tão na cara. E algumas pessoas não visualizam isso. Tinham pessoas que era preciso falar mais diretamente”, diz sobre a experiência de se manifestar politicamente nas redes.
Assista a entrevista com Vanessa Moreno na íntegra:
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.