Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Substituir Hélio Delmiro é tão grande quanto tocar com meu pai, diz Marcel Powell
O filho de Baden Powell se prepara para apresentar no palco o disco gravado pelo cantor Augusto Martins e pelo violonista Hélio Delmiro, que morreu em junho


Pouco antes de morrer, em 16 de junho, o violonista e guitarrista Hélio Delmiro lançou um álbum em duo com o cantor Augusto Martins, intitulado Certas Coisas, com produção de Moacyr Luz.
O disco tem músicas de Tom Jobim, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Lulu Santos, alguns standards internacionais e uma composição inédita de Hélio com Moacyr chamada Acanhado.
Agora, o projeto vai para o palco. No lugar de Hélio Delmiro, estará ao violão Marcel Powell.
“A responsabilidade de tocar no lugar de Hélio Delmiro é tão grande quanto a de estar ao lado de meu pai, aos 12 anos, gravando discos e subindo no palco”, conta o violonista e compositor Marcel Powell, filho de Baden Powell, em entrevista a CartaCapital.
Marcel lançou dois discos com o pai, Baden Powell e Filhos (1994) e Suíte Afro-Brasileira (1997) — este contou com a participação de seu irmão, o pianista Philippe Powell, hoje radicado em Paris. Depois da morte de Baden, em 2020, Marcel partiu para carreira solo, com Samba Novo (2002) e o premiado Aperto de Mão (2005).
“Hélio Delmiro é uma referência”, diz. Nos poucos contatos que teve com o violonista, Marcel afirma que foi o ouvinte de um mestre respeitado por Baden.
O experiente Augusto Martins, cuja voz no disco está acompanhada somente do violão e da guitarra de Hélio Delmiro, também tem o respeito do filho de Baden.
“É um querido amigo, um cantor raro, de voz aveludada, que você gosta de ouvir”, diz Marcel. O primeiro palco a receber a apresentação de Certas Coisas é o Manouche, uma casa de espetáculo no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, em 28 de agosto.
Os dois já haviam lançado um trabalho juntos: Violão, Voz e Zé Keti (2013). Até ali, Marcel Powell não havia feito qualquer disco sobre a obra de um único compositor, nem sequer de Baden.
Ele só faria uma releitura da obra do pai em 2016, com Só Baden (2016). Depois, lançou um trabalho gravado ao vivo em Salvador (BA) com Armandinho Macedo, Baden Powell Tribute (2020).
Em 2024, Marcel Powell lançou dois álbuns, Musicalidade Negra e Horizon. Neste ano, apresentou Deixa, o primeiro single em duo com o irmão, Philippe — um clássico da parceria Baden Powell e Vinícius de Moraes.
Ainda em 2025, Marcel lançará um disco com o cantor de jazz belga David Linx e outro —já gravado — em homenagem a Garoto e Waldir Azevedo, feito em duo com bandolinista Daniel Migliavacca.
“Eles fazem parte da minha formação musical. As primeiras músicas que aprendi a tocar no violão foram Brasileirinho (Waldir Azevedo) e Gente Humilde (Garoto).”
Assista à entrevista de Marcel Powell a CartaCapital:
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Soprano brasileira recebe honraria da família real britânica por luta pela equidade de gênero
Por Augusto Diniz
A preocupação da música independente com as aquisições de Universal, Sony e Warner
Por Augusto Diniz
Em disco autoral, Joyce Moreno exalta a mulher com uma voz acolhedora e sem exageros
Por Augusto Diniz