Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Sesc Jazz reúne Dom Salvador e Amaro Freitas e abençoa Aguidavi do Jêje e mestres do frevo
A 6ª edição, de 14 de outubro a 2 de novembro, cruza o jazz contemporâneo com tradições afro-diaspóricas


O Sesc Jazz chega à 6ª edição promovendo encontros entre gerações e linguagens, ampliando as fronteiras do gênero e celebrando suas raízes. De 14 de outubro a 2 de novembro, em nove unidades do Sesc São Paulo (capital, Guarulhos e interior), o festival arma diálogos entre composição e improviso, estrutura e liberdade — a pulsação que, como resume a curadora Pérola Braz, sustenta o jazz contemporâneo e sua pesquisa de timbres.
No tabuleiro dos encontros, um inédito: Dom Salvador Samba Jazz Quartet convida Amaro Freitas — ponte direta entre um pioneiro do samba-jazz e o pianista pernambucano que projetou a música instrumental brasileira no circuito global. Da África, Baaba Maal traz a fusão de tradições senegalesas com eletrônica; da França, a contrabaixista e cantora Sélène Saint-Aimé apresenta seu jazz amplo e cosmopolita; da América Latina, o De Mar y Río ilumina a percussão do Pacífico colombiano.
A cena brasileira vem forte: o trombonista e compositor Allan Abbadia costura Coisas (1965), de Moacir Santos, à mística de A Love Supreme(1965), de John Coltrane. E o festival amplia seu eixo formativo com oficinas, masterclasses, aulas-show, cursos, workshops e audições comentadas — para aproximar público e processo criativo.
Entre os marcos desta edição, a presença do Aguidavi do Jêje — nascido no Terreiro do Bogum (Salvador), criado por Luizinho do Jêje e integrado por Kainã do Jêje e outros músicos-ogãs. Com atabaques, agogôs, pandeiros, caxixis e berimbaus construídos pelo próprio grupo, além de violão, pedais e bateria eletrônica, o coletivo apresenta seu álbum de estreia gravado ao vivo, indicado ao Grammy Latino. Como aponta a coordenação artística, o Sesc Jazz aprofunda a rota latino-afro e, este ano, ainda reverencia a tradição pernambucana no programa Abafo, Coqueiro, Rua, com maestros e maestrina do frevo — e cortejo na rua.
Confira os destaques da programação:
- Baaba Maal — 14 e 15/10, 21h, Sesc Pompeia (Comedoria).
- Dom Salvador Samba Jazz Quartet convida Amaro Freitas — 15 a 17/10, 20h, Sesc Pompeia (Teatro).
- Bate-papo: Amaro Freitas e Dom Salvador — 18/10, 14h, Sesc Guarulhos (Auditório).
- Sélène Saint-Aimé — 18/10, 20h, Sesc Pompeia (Teatro); 19/10, 18h, Sesc São José dos Campos (Ginásio).
- Aguidavi do Jêje — 19/10, 18h, Sesc Pompeia (Teatro).
- Oficina Aguidavi do Jêje (Kainã do Jêje, Lucas Maciel, Irlan Cruz) — 18/10, 15h, Sesc Vila Mariana (Centro de Música).
- De Mar y Río — 24/10, 21h, Sesc Pompeia (Comedoria); 26/10, 18h, Sesc Rio Preto (Ginásio).
- Oficina: Experiência Pacífico (De Mar y Río) — 23/10, 17h, Sesc Guarulhos (Praça de Convivência).
- Coisas supremas: Conexão entre Coisas e A Love Supreme (Allan Abbadia) — 26/10, 16h, Sesc Pompeia (Deck Solarium).
- Audição comentada: Coisas, de Moacir Santos (Fernando Alabê, Allan Abbadia; mediação de Ramiro Zwetsch) — 23/10, 19h30, Sesc Consolação (Espaço Provisório).
- Abafo, Coqueiro, Rua e Ventania (maestros Carlos Rodrigues, Lúcio Henrique, Oséas Leão e a maestrina Lourdinha Nóbrega) — 31/10, 20h, Sesc Pompeia (Teatro); 1º/11, 18h, Sesc Pompeia (cortejo na Rua Central).
- Bate-papo com mestres do frevo — 30/10, 19h30, Sesc Consolação.
Programação completa, ingressos e atividades gratuitas: consulte o site do Sesc Jazz 2025.
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