Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Revelação, Sophia Chablau prega liberdade na música
A artista prepara o terceiro disco com a banda Uma Enorme Perda de Tempo. Antes, no fim de 2025, faz um show gratuito em São Paulo
Sophia Chablau, 25 anos, tem se firmado na cena independente da música brasileira a partir de composições provocativas e reflexivas, unindo ao rock pop uma sonoridade psicodélica e vanguardista. É um trabalho tão original quanto potente e criativo.
“Conheci pessoas que gostam de fazer música com mais liberdade do que uma visão mercadológica específica”, resumiu, em entrevista a CartaCapital. Essas pessoas estão nos discos que lançou desde 2021, alguns dos quais receberam indicações a prêmios e reconhecimento da crítica.
Sophia e a banda Uma Enorme Perda de Tempo têm dois álbuns: um de 2021, que leva o nome dela e do grupo, e Música de Esquecimento (2023). Em 2023 ela também gravou, com a banda Besouro Mulher, o disco Volto Amanhã.
Neste ano, lançou com o baiano Felipe Vaqueiro o EP Nova Era/Ohayo Saravá e um álbum chamado Handycam. Os dois, segundo Sophia, têm grandes afinidades sonoras, “versos diretos sobre o que está acontecendo no mundo”.
Em 2026, ela projeta lançar um novo disco com Uma Enorme Perda de Tempo. Antes, em 28 de dezembro, às 14h, ela se apresenta na área externa do Pavilhão da Bienal, com acesso pelo portão 3 do Parque Ibirapuera, em São Paulo. A entrada será gratuita.
Os álbuns de Sophia Chablau parecem ser gravados ao vivo, porque tudo é muito orgânico. “É melhor fazer um disco no melhor estúdio, com o melhor microfone, mas isso é inacessível para 99% dos músicos. Existe uma beleza em fazer as coisas do jeito que se consegue. O importante é colocar alma no trabalho.”
Envolvida no passado com a política estudantil, ela lembra que o rock “tinha uma preocupação tanto com o comportamento das pessoas de lutar contra a caretice quanto um ar contestador”.
“Não acredito em cultura sem isso”, afirma. “Não consigo pensar em não falar certos assuntos no palco.”
Nesse seara Sophia já ganhou uma experiência notória. Em julho deste ano, um show dela com Uma Enorme Perda de Tempo, em São Paulo, foi interrompido devido à exibição de uma bandeira com a mensagem “Palestina Livre” no telão.
“A gente consome arte porque quer ser tocado por algo. A realidade se impõe e a gente precisa falar dela. Não é todo mundo que tem a chance de estar com um microfone, com uma caixa de som. A gente tem que fazer alguma coisa”, reflete.
Assista à entrevista de Sophia Chablau a CartaCapital:
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Com festival, Juazeiro celebra João Gilberto, seu filho ilustre: ‘Não queremos a música oportunista’
Por Augusto Diniz
Sonhos nascidos de palavras
Por Augusto Diniz
A academia deveria focar mais na oralidade, diz o pesquisador de música Ivan Vilela
Por Augusto Diniz



