Martins lembra que tinha 18 anos quando começou a tocar rabeca – hoje o cantor e compositor tem 32. “Eu ia para Zona da Mata Norte, uma região muito especial onde a cultura popular tem uma força muito grande. Ao mesmo tempo, é uma região muito pobre. É muito louco, porque lá tem pensadores da vida cotidiana. Tem a poesia oral, a sabedoria oral”, diz.
Ele conta que pegava um ônibus no Recife (onde nasceu) e viajava duas, três horas até onde viviam os mestres Luiz Paixão e Salustiano, reconhecidos tocadores de rabeca, símbolos da cultura popular nordestina e responsáveis por influenciar gerações de artistas pernambucanos.
“Passava o dia inteiro lá para aprender a tocar rabeca e saía com uma riqueza cultural para além da rabeca. Voltava e a inspiração vinha”, relata. “Oitenta por cento das coisas que componho são da minha relação com a cultura popular.”
O cantor e compositor Martins é mais um revelação do coletivo Reverbo, comandado por Juliano Holanda e Mery Lemos, um dos movimentos (ou movimentação, como preferem chamar) musicais mais importantes surgidos no País nos últimos tempos.
“O Reverbo me formou como compositor, artista”, diz Martins. “O coletivo é a junção de vários artistas de Pernambuco, desde o alto sertão à Zona da Mata Norte, do agreste e da capital. É um coletivo que abraça Pernambuco. Um grande exercício da canção.”
Martins já tem suas músicas gravadas na voz de Ney Matogrosso, Margareth Menezes, Simone, Daniela Mercury, entre outros. O músico já participou de bandas de rock e de forró, lançou em 2019 seu disco solo com canções autorais e no ano passado apresentou um excelente disco ao vivo com o companheiro de Reverbo Almério.
Agora, prepara para o segundo semestre o lançamento de novo álbum pela gravadora Deckdisc, com produção de Rafael Ramos.
“Tenho uma relação muito forte com a cultura popular daqui, poesia popular, tocador de viola, emboladores de coco. Ao mesmo tempo, tenho uma relação com a música popular brasileira. E a junção de tudo isso.”
Com jeito bastante próprio de compor, ele diz que o relacionamento com as várias linguagens musicais permitiu desaguar em grandes criações.
Assista à entrevista de Martins a CartaCapital na íntegra:
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