Em outubro último, a cantora e compositora Raquel Virgínia lançou seu primeiro single da carreira solo. Tratava-se de uma versão para Las Muchachas de Copacabana, de Chico Buarque, com participação do rapper MC Dellacroix e direito a um videoclipe gravado em Copacabana.
Raquel Virgínia integrou o grupo As Baías, que chegou a lançar três bons álbuns e um EP. Com dez anos de existência, a banda vinha desde 2019 experimentando seu maior período de sucesso, quando em setembro de 2021 anunciou o fim do projeto.
Agora, a paulistana diz que construirá a carreira solo com “tranquilidade”. Empenho mesmo neste momento é na Nhaí!, criada há cinco meses. “Gosto da ideia de ser empreendedora. Estou focada nisso”, diz a CEO trans negra da agência.
“A agência é de gestão de cultura. A missão da agência é fazer com que as pessoas consigam absorver certos temas da diversidade em suas marcas, fazendo isso de maneira legítima”, explica.
Todas as pessoas da agência são LGBTQIAP+, em grande parte preta e de periferia. “Estamos trabalhando com recorte de gênero, de raça e de classe”, ressalta.
A proposta é desenvolver narrativas LGBTQIAP+ que a agência considera adequadas para que as marcas possam incorporá-las. “A gente pode participar tanto na construção de política interna quanto de projeto específico. A gente ajuda nessa construção ou constrói”.
Ela diz que gestão de cultura está ligada ao que é dito dentro da empresa, o que ela gostaria de falar e como ela estabelece isso para o público interno e externo.
“Isso é desde entender o que é a sigla (LGBTQIAP+) e as pessoas que estão por trás da sigla até fazer com que as empresas tenham uma abordagem mais precisa desse tema”, afirma.
“A ideia é mostrar outras perspectivas e não só aquela de índices ruins ligados ao universo LGBTQIAP+, mas que elas são inovadoras, criativas, resistentes, resilientes, que são predicados para uma pessoa”.
Outra ação da agência é promover um evento de empreendedores LGBTQIAP+ chamado Contaí, para tratar de negócios, mercado de trabalho e oportunidades. Um evento piloto foi realizado no último dia 28, na véspera do Dia da Visibilidade Trans. “É uma oportunidade para a comunidade LGBTQIAP+ se conhecer”, conta.
Raquel Virgínia tem tino empreendedor e vinha ’empresariando’ a banda As Baías nos últimos anos, período de maior sucesso do grupo. “O que trago da banda para a agência é a criatividade, a ousadia. O meio artístico permite esse lado inventivo, engenhoso”, cita.
“Temos uma população trans que é referência no mundo inteiro e não exploramos isso de maneira competitiva, e é nisso que eu acredito.”
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