Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Rappin Hood: É importante o rap continuar militante e não esquecer de onde veio
O rapper lança nas plataformas uma nova versão de ‘Pra Não Dizer que Não Falei de Flores’, de Geraldo Vandré


Rappin Hood pretende lançar em breve o terceiro volume de Sujeito Homem em formato de disco duplo. Os dois primeiros são um marco em seus mais de 30 anos de carreira.
“Esses álbuns, para mim, foram como estudos. O primeiro foi uma pesquisa inicial com mistura dos ritmos brasileiros. Já o segundo foi um mergulho maior no samba. O terceiro vai em outros ritmos, como o reggae”, conta o artista em entrevista a CartaCapital.
Ele soltou recentemente uma música que integra o terceiro volume. Trata-se de uma versão da canção de protesto Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré, lançada em 1968, no auge da ditadura militar.
“Essa música traz bons momentos que vivi cantando outra de Vandré, Disparada, com nosso mestre Jairzão (Rodrigues). Desde que gravei Disparada com Jair (no volume 2 de Sujeito Homem), tinha em mente fazer Pra Não Dizer que Não Falei de Flores.”
Hood considera uma honra ter recebido de Vandré a autorização para gravar a música de protesto. “Reflito muito toda vez que olho a obra de Vandré. Tanto tempo já se passou e parece que nosso País não avançou na velocidade em que o tempo se foi.”
O single mescla batidas do rap e do reggae Nyabinghi. O lançamento é do selo Estelita e a produção é de Thiago Barromeo. Geraldo Vandré faz uma breve introdução com uma saudação a Hood.
O rapper avalia que a militância já não se faz tão presente na música brasileira.
“Com tudo o que se viveu nos últimos anos, foram poucas as músicas militantes lançadas. Pouco se dialogou em termos de música com esses temas”, ressalta. “Acho importante o rap continuar sendo militante, fazendo exercício da cidadania. É algo que busco ainda na minha obra.”
“A minha geração no rap e no hip hop fez muito uso da palavra para resistir, como Racionais MCs, Thaíde e DJ Hum, 509-E, RZO, DMN, Potencial 3, Posse Mente Zulu, SNJ, SP Funk. É importante não esquecer isso.”
Assista à entrevista de Rappin Hood a CartaCapital:
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Filme sobre Levi Ramiro, violeiro e construtor de viola de cabaça, mostra seu universo sensível
Por Augusto Diniz
Curumin lança seu 5º álbum, com experiências sonoras diversas e intuitivas
Por Augusto Diniz
Roberta Sá diz que projeto no samba se reconecta com seu propósito na música
Por Augusto Diniz