Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Rahessa caminha entre resistência e autoamor: ‘Esses temas atravessam minha pele’

A cantora e compositora prepara novo disco após estreia em que mergulha em identidade e ancestralidade

Rahessa caminha entre resistência e autoamor: ‘Esses temas atravessam minha pele’
Rahessa caminha entre resistência e autoamor: ‘Esses temas atravessam minha pele’
O EP de Rahessa percorre atravessamentos românticos ligados ao fato de ela ser uma mulher negra (Foto: Divulgação)
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O EP Labirinto Místico (2024) nasceu de uma vulnerabilidade, mas se transformou em grito de resistência. Com cinco faixas, a estreia de Rahessa percorre dores e libertações atravessadas pelo fato de ser uma mulher negra.

“Traço essa história a partir de um lugar de desamor, de um relacionamento inter-racial que não deu certo, até uma busca dentro de mim mesma que resulta em liberdade, sensualidade, resgate e, por fim, no amor preto que revoluciona tudo”, resume a artista.

Entre as canções, uma das mais marcantes é A Cor da Dor. Escrita durante a pandemia, ela nasceu em meio a manifestações do movimento negro em São Paulo. “Naquele momento me vi muito adoecida por tudo o que chegava até mim. Senti essa dor”, lembra.

A faixa foi inspirada no poema Still I Rise (Ainda me levanto), de Maya Angelou, obra emblemática sobre superação. “A música surgiu desse lugar difícil, vulnerável, de dor — mas se transformou em luta”, explica Rahessa.

A composição revela uma artista com domínio das palavras. Ela canta:

Às vezes me pego andando na rua tentando entender qual é a cor da dor / Bala longe de ser perdida, diretamente sem despedida / A gente se acostuma com tanta aspereza e no final do dia é tanta tristeza / Não tem outra, nas manchas da história, a pele sempre chega primeiro.

Para Rahessa, não se trata apenas de estética. “Falar de acolhimento, resistência, autoamor não é discurso vazio, mas movimento. Esses temas atravessam a minha história, a minha pele, as minhas relações”, afirma.

Agora, a cantora e compositora já reúne material para seu primeiro álbum. O projeto, ainda em gestação, deve reunir sonoridades afrodiaspóricas, como R&B e soul. Até o fim do ano, ela promete lançar dois singles que darão a tônica desse novo trabalho.

A carreira de Rahessa, no entanto, vai além da música. Também dedicada à produção audiovisual, ela conquistou uma bolsa para se especializar no Jacob Burns Film Center, em Nova York, e já assinou filmes premiados no Sundance Ignite, no Overcome Film Festival, no Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul e no Festival de Cinema de Caruaru.

Assista à entrevista de Rahessa para a CartaCapital.

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