Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Os 50 anos de ‘Refazenda’, disco de conexão de Gilberto Gil com as raízes nordestinas

O artista faz a sua última turnê em 2025, cinco décadas depois de um álbum imprescindível para entender sua obra

Os 50 anos de ‘Refazenda’, disco de conexão de Gilberto Gil com as raízes nordestinas
Os 50 anos de ‘Refazenda’, disco de conexão de Gilberto Gil com as raízes nordestinas
Foto: Divulgação
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Uma das genialidades de Gilberto Gil é conseguir trafegar bem pelo som urbano, mais universal, e pelo rural, com referências nordestinas — quando não funde os dois estilos com maestria.

O álbum Refazenda, que completa 50 anos de lançamento em 2025, é um bem-acabado projeto do baiano voltado às suas raízes musicais.

O disco também representou uma virada na carreira de Gil, devido a um diálogo com elementos não explorados à época pelo músico, tanto em letra quanto em melodia.

Embora nascido em Salvador, Gil se mudou com um mês de idade com a família para Ituaçu, no sudoeste da Bahia, recebendo forte influência sertaneja, notadamente da sanfona de Luiz Gonzaga, instrumento com o qual fez os seus primeiros trabalhos como músico na capital baiana, antes de ter o violão como companheiro inseparável.

A influência do som dos rincões sobre o disco é tão forte que Dominguinhos toca em todas as faixas com seu acordeom.

O repertório do álbum é formado por Ela (Gil), Tenho Sede (Dominguinhos e Anastácia), Refazenda, Pai e Mãe, Jeca Total, Essa É pra Toca no Rádio, Ê Povo Ê, Retiros Espirituais (todas do Gil), O Rouxinol (Gil e Jorge Mautner), Lamento Sertanejo (Gil e Dominguinhos) e Meditação (só de Gil).

O destaque, claro, é a faixa-título, na qual ele ressalta o abacateiro, onipresente pelo interior do Brasil. Em Jeca Total, referência a quem habita no interior.

Em Tenho Sede, o sertão. Já em O Rouxinol, o pássaro da caatinga. Em Lamento Sertanejo, o migrante nordestino. No álbum, tudo é dito de jeito poético e metafórico, com o baiano no ápice de sua verve espirituosa e elevada.

Gilberto Gil, 82 anos, realiza em 2025 a Tempo Rei – Última Turnê, a série de shows pelo País apresentada como a última do baiano. Refazenda diz muito sobre ele, que deve levar ao palco desse projeto um pedaço expresso nesse disco de 50 anos atrás.

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