Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Ortinho resgata o ‘Nordeste psicodélico’ dos anos 1970 no álbum ‘Repensista’

Em seu sétimo trabalho, o cantor e compositor retoma o toque e a atmosfera do movimento do qual ele diz ser herdeiro

Ortinho resgata o ‘Nordeste psicodélico’ dos anos 1970 no álbum ‘Repensista’
Ortinho resgata o ‘Nordeste psicodélico’ dos anos 1970 no álbum ‘Repensista’
Foto: Divulgação
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Wharton Gonçalves Coelho, o Ortinho, se recorda de quando tocava músicas do movimento “Nordeste psicodélico” nos barzinhos de Caruaru (PE). A psicodelia fez a cabeça de muitos a partir dos anos 1960, mas foi na década seguinte que pegou em cheio no Nordeste, influenciando artistas em início de carreira como Zé Ramalho, Lula Côrtes, grupo Ave Sangria, Marconi Notaro e Alceu Valença, entre outros.

“É uma música que me levava para uma atmosfera na qual eu parecia sair do normal do mundo”, lembra Ortinho, em entrevista a CartaCapital. Quando se mudou nos anos 1990 para Recife (PE), foi atrás das pessoas que ouvia — à época, chegou a morar com Lula Côrtes, por um ano. 

Enquanto integrava a banda de rock Querosene Jacaré, também regravou uma música do Ave Sangria, com a participação do vocalista do grupo, Marco Polo. 

Depois, Ortinho entrou na carreira solo e lançou trabalhos como Ilha do Destino (2002), Somos (2006), Herói Trancado (2010), Nas Esquinas do Coração (2019) e Caruarus (2022). Em nenhum deles explorou totalmente o seu passado psicodélico.

Em julho deste ano, porém, publicou nas plataformas digitais o álbum Repensista. “Meus discos são muito diferentes uns dos outros. Neste, assumi essa postura de ‘Nordeste psicodélico’”, afirma. “As músicas que mais ouvi na minha época de pré-adolescente e adolescente são do ‘Nordeste psicodélico.'”

O resgate do movimento começou em 2018, quando Ortinho apresentou o projeto Nordeste Psicodélico, com shows-tributos àquela geração.

Em Repensistade nove faixas, aparecem Rovilson Pascoal (guitarra, violões e produção), Ricardo Prado (baixo e sanfona) e Guilherme Kastrup (bateria). Sandoval Filho fez o teclado em Solto no Tempo, retirada do álbum Somos.

Outra regravação é de Quando Eu Olho para o Mar, de Alceu Valença. Ortinho fez uma versão bem psicodélica da canção. 

O disco tem sete faixas inéditas assinadas por Ortinho, duas delas em parceria: Grito de uma Arara (com Marco Polo) e De repente Cássia Eller (Com Rovilson Pascoal). 

Em Eu e Liao músico homenageia Lia de Itamaracá. Sobre De Repente Cássia Eller, Ortinho conta que a cantora gostava de uma música dele com Chico Science chamada Sangue de Bairro, gravada no segundo álbum de Chico Science & Nação Zumbi, o Afrociberdelia.

“Ela estava bem ligada na música pernambucana”, lembra. Ortinho prometeu e criou uma música para Cássia, mas a artista morreu poucos dias depois. 

Além de Chico Science, Ortinho tem parceiros importantes como Arnaldo Antunes, Marcelo Jeneci, Lula Queiroga e Junio Barreto.

Em 21 de setembro, Ortinho toca no festival Mimo, em São Paulo (SP). Assista à entrevista:

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