Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

O canto à liberdade de Josyara

Cantora e compositora lança seu segundo álbum solo e ressalta a percussão afro-brasileira

Foto: Maria Mango/Divulgação
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No recém-lançado álbum Àdeusdará, a cantora e compositora baiana Josyara investe como produtora, permitindo ingressar mais em sua sonoridade. 

A percussão é a linha deste novo trabalho. Um conceito que amarra todas as canções”, diz a artista, que trouxe do primeiro disco (Mansa Fúria, 2018) inserções de som eletrônico. Para valorizar a percussão, chamou Icaro Sá “para pensar os arranjos da musicalidade afro-brasileira”.

A faixa-título “Àdeusdará”, segundo Josyara, “tem uma poesia que amarra as outras canções do disco, e o momento também que passamos na pandemia, dessas trevas todas”. 

O trabalho – que sai pela gravadora Deck – conta com 10 músicas, todas assinadas por Josyara, com uma em parceria com Juliana Linhares.

“Gosto de pensar como álbum. Achei muito importante começar o disco com grito, botando para fora, rasgando a goela, soltando feras por causa de todo processo que vivi pessoalmente e observando o contexto de nosso País”, conta. A composição em questão chama-se Ladoalado, e tem a participação de Margareth Menezes.

O disco caminha pela reflexão, a existência, a busca, o festejo, o amor e termina com a esperança na sublime canção Canto à Liberdade. “Liberdade, eu te cantei/ Só pra ver se você vem/ Perto da cancela/ Do meu peito aliviar/ Venha abrir as porteiras/ Os sorrisos, as prisões/ Decerto descobrir multidões”.

Durante a pandemia, viveu a agonia da interrupção dos trabalhos – e também das contas para pagar que continuavam a chegar. Partiu para as lives, que no primeiro momento parecia “cantar para o nada” em meio à frieza da apresentação virtual.

“O que me salvou foi o processo criativo que me mergulhei, estudando como posso me registrar”, diz. “A música me salvou”. 

Josyara, nesse período, apresentou alguns singles e em 2020 lançou o disco Estreite (Joia Moderna), em parceria com o cantor e compositor também baiano Giovani Cidreira.

“As coisas voltaram para quem tem condições, acessos e as oportunidades que estão sempre ali, porque as desigualdades também passam pelo campo dos artistas”, afirma. “Meu maior desafio agora é que minha música chegue a mais lugares, que ela circule. Eu desejo isso para os artistas, que consiga viver da sua arte com essa tragédia toda ainda passando, com esse desmonte, descaso total com a cultura e as pessoas”, comenta.

Assista a entrevista com Josyara a CartaCapital na íntegra:

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