Lazzo Matumbi tem mais 40 anos de carreira na música e é um dos precursores do samba-reggae no País. Participou de blocos afro na Bahia, tem músicas gravadas por vários artistas baianos e também desenvolve seu trabalho solo. Lançou um emblemático disco em 1988, chamado Atrás do Pôr do Sol, que dignifica o orgulho negro.
“A preocupação do movimento negro é a preocupação de sempre: viver em um País onde lhe dê dignidade e respeito, e onde a gente consiga trilhar sem necessidade de brigar por espaço”, diz. “A gente não quer ser aceito. A gente faz parte da construção deste País. Os espaços são nossos por direito. De certo modo, a gente briga, luta pelo reconhecimento, pelo respeito, pela melhor qualidade da inclusão”.
O ativista critica o fato do Brasil sempre se colocar na posição de negacionista daquilo que foi no passado. “Era necessário que tivéssemos lutando por outras coisas e não pela necessidade de reconhecimento da sociedade plural que nós somos”.
O artista diz ainda que é preciso ocupar os espaços de poder e ter educação para romper com os privilégios que são mantidos no País. “O grande problema do Brasil é uma pequena elite que vive o tempo todo querendo fazer essa manutenção”.
O músico foi candidato a deputado federal na última eleição, mas não se elegeu. Confessa que se surpreendeu com a inércia de boa parte da população. “A gente precisa entender que a força está em cada um de nós, que podemos transformar”.
Sobre a cultura, Lazzo afirma que ela continua surgindo nos quatro cantos, mas que é triste ver que se vive em um lugar rico culturalmente, mas sem reconhecimento.
Assista a entrevista de Lazzo Matumbi a CartaCapital na íntegra:
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