Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Novo registro reafirma Wilson Baptista como um dos grandes cronistas da música

O projeto fonográfico tem quase duas horas e resgata a voz do sambista, com sete inéditas e várias participações

Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

O álbum duplo Wilson Baptista – Eu Sou Assim, com 30 faixas e uma hora e 50 minutos de música, poderia ser maçante nos dias de hoje, mas não é.

O artista em questão foi proeminente na música, deixando uma incrível obra de mais de 500 composições sem ter, sequer, terminado o ensino regular.

Compositor intuitivo na melodia, nas letras ele traduzia o cotidiano da cidade do Rio de Janeiro de sua época, com refinamento, humor, observação aguçada, olhar à margem da sociedade e de forma direta e sensível. Era um típico cronista da rua, que se expressava por meio do samba.

O projeto Wilson Baptista – Eu Sou Assim, do Selo Sesc, traça um panorama rico e raro. São 34 canções, sendo que oito delas aparecem divididas em quatro faixas.

A recuperação da voz do homenageado em 13 faixas (em três Wilson canta simulando duo com as participações do álbum) traz realismo e interpretação de bom malandro-cantor que era o sambista.

Rodrigo Alzuguir (biógrafo de Wilson Baptista e organizador do projeto) é quem reuniu os registros, feitos nos anos 1960 de forma caseira, em gravador de rolo, por Wilson, acompanhado somente pelo violão de Manuel da Conceição, o Mão de Vaca.

A gravação, que tinha sucessos e raridades (como sete apresentadas no disco), seria para um álbum da cantora Telma Soares, que nunca saiu.

As sete inéditas são Calúnia, Boato de Felicidade, Fui Olhar nos Teus Olhos, O Bom É Ele, Minha Infância, Sossega a Moringa e São Paulo Antigo. Há vários clássicos de Wilson Baptista no registro e outros sambas menos conhecidos.

Participam do álbum duplo Nei Lopes, Joyce Moreno, Cristina Buarque, Mônica Salmaso, Ayrton Montarroyos, Filó Machado, Alexandre Rosa Moreno, Ilessi, João Bosco, Ney Matogrosso, Dori Caymmi, Áurea Martins, Lívia Nestrovski, Marcos Sacramento, Ana Bacalhau (cantora portuguesa), Larissa Luz, Maíra Freitas, Beatriz Rabello, Pretinho da Serrinha e Moyseis Marques.

Wilson Baptista nasceu há 110 anos e morreu precocemente aos 55, esquecido e pobre, embora seja um compositor essencial para entender a construção da música popular urbana. O álbum recém-lançado dá um bom exemplo dessa constituição.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo