Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Novo documentário apresenta a tradição musical surgida nos seringais do Acre

O baque reúne a musicalidade de migrantes nordestinos e indígenas da região e segue vivo na cidade de Tarauacá

Foto: Divulgação

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O documentário Baque do Santo – Festa, Farra e Forró na Amazônia, lançado neste final de ano e disponível no YouTube, resgata uma tradição musical emergida no ciclo da borracha.

Com o nome de baque do Acre, o ritmo surge do encontro de seringueiros que vieram do Nordeste para extrair o látex com a musicalidade indígena da fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia.

O curta-metragem de 27 minutos vai até a cidade de Tarauacá, por onde passa a BR-364, que liga a capital Rio Branco a Cruzeiro do Sul. O lugarejo surgiu justamente de um seringal.

Em uma das casas de madeira amazônica ocorre o Baque do Santo. É na residência de Santinho que a tradição é mantida, trazida das chamadas colocações de seringueiros no interior da floresta amazônica.

Para produzir o baque, vêm violão, cavaquinho, sanfona, triângulo (nas colocações de seringueiros usava-se no lugar duas colheres, para produzir um som percussivo), tambor, pandeiro e xeque-xeque (ganzá). A festa ocorre com dança e comida.

O filme entrevista mestres e mestras que contam como o baque se estabeleceu nos seringais da região – e se manteve nas cidades amazônicas, como Tarauacá, para onde se mudaram os seringueiros, com a diminuição da exploração da borracha.


O baque ocorre por meio de composições próprias de músicos do ritmo, que retratam a realidade local. Ele tem forte influência do forró, proveniente dos nordestinos que se dirigiram aos seringais do Norte para trabalhar e fugir da seca. O acento percussivo parece seguir o tom ritualístico indígena.

O documentário Baque do Santo – Festa, Farra e Forró na Amazônia é um registro e tanto e fala da floresta em seu âmbito cultural, algo ainda pouco divulgado e conhecido.

O filme, com direção musical, argumento e pesquisa de Alexandre Anselmo dos Santos e direção e roteiro de Rafael Batista, integra o Plano Nacional de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró e foi realizado pelo Iphan-AC, em parceria com diversas instituições do estado.

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