Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Minidocumentário mostra queda e redenção de Nego Bala
Vídeo que ganhou prêmios internacionais mostra a detenção do músico aos 12 anos até lançar seu 1º disco uma década depois
Marcelo Abdinego Justino Generoso, mais conhecido como Nego Bala, lançou seu primeiro álbum no final do ano passado. O nome do disco é Da Boca do Lixo.
Uma das músicas do trabalho tem o nome de Sonho, composta por Nego Bala aos 12 anos, quando teve sua primeira passagem por um centro de detenção para jovens e adolescentes.
A canção, que foi gravada com participação de Elza Soares, tem um curta de 14 minutos que mostra o processo entre a apreensão quando menor e o lançamento de seu primeiro disco, já aos 24 anos.
Cheio de mensagens e imagens fortes bem costuradas, e trilha de funk raiz, o vídeo ganhou os prêmios internacionais Shark Awards 2022 e, mais recentemente, o Clio Music Awards.
O minidocumentário ressalta o papel transformador da música na periferia. Nego Bala faz seu corre como funkeiro para deixar para trás um passado difícil. O curta impacta, é perturbador e didático.
O filme ainda faz ligações ancestrais com o universo da periferia. A letra é de sentimento de mudança possível em um País sem oportunidades e com um Estado opressor, mas de gente sonhadora.
O projeto tem boa fotografia e imagens conversam intensamente com o espectador. Salve esse vídeo que saiu da realidade crua da periferia em tom de esperança.
Nego Bala participa do vídeo. Dirigido por Douglas R. Bernardt, o projeto foi produzido por Stink Films e realizado por AKQA\Coala.LAB e Equipe Boca do Lixo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.