Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Maria Luiza Jobim lança novo álbum e homenageia irmão com ‘Samba do Soho’

O disco destaca o presente, com a volta da cantora ao Rio de Janeiro e refinamento composicional do pai, Tom Jobim

Foto: Zabenzi/Divulgação
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A nona faixa do novo álbum de Maria Luiza Jobim, intitulado Azul, lembra o irmão falecido no ano passado. “A primeira energia foi direcionada para homenagear Paulinho, cantar a música dele, já que ele era um grande compositor e arranjador”, diz.

A música favorita dela entre as de Paulo Jobim é Valse, gravada no álbum Urubu, de 1976, um dos grandes discos de Tom Jobim, com produção e arranjos de Claus Ogerman.

“A música é totalmente instrumental. E é tão bonita que não quero tocar ali. Então eu escolhi Samba do Soho por vários motivos”, revela.

“É uma música com que eu tenho uma relação afetiva. Quando criança, lembro muito deles ensaiando essa música com a Banda Nova” , prossegue. A banda incluía o próprio Paulo, Ana Lontra – mãe de Maria Luiza – e sua outra irmã, Elizabeth (esta, assim como Paulo, fruto do casamento de Tom Jobim com Thereza).

Samba do Soho é uma composição de Paulo Jobim e Ronaldo Bastos e foi originalmente gravada em outro grande disco de Tom Jobim, Passarim (1987).

“Eles ensaiando exaustivamente a música (Samba do Soho), as brincadeiras das palavras, o inglês com o português, o brasileiro que vai para Nova York e como ele enxerga aquilo de quem vem do Brasil. Isso tem muito a ver comigo, de ter morado tanto tempo em Nova York.”

O álbum Azul, de dez faixas e produzido por Alberto Continentino, tem refinados arranjos, não escondendo a escola de Maria Luiza. O seu primeiro disco, Casa Branca (2018), segundo ela, foi baseado na sua infância no Rio de Janeiro – antes desse primeiro trabalho, ela teve uma banda de jazz e participou de um duo eletrônico.

“São todas canções que vieram mais recentemente. Durante a pandemia eu comecei a escrever. Tem aquela coisa solar, porque voltei para o Rio. Tem o ‘reapaixonamento’ com a minha cidade. Trata-se do momento presente”, afirma.

Além de Samba do Soho, o álbum Azul tem uma música só de Maria Luiza, Boca de Açaí, e outras com os parceiros mais constantes Lucas Vanconcellos e Felipe Fernandes. Os três assinam a bonita faixa de abertura, O Tempo.

A cantora gravou uma canção de Arnaldo Antunes e Cezar Mendes, com a participação do ex-Titãs. E também uma música em parceria com Adriana Calcanhoto.

“Tenho uma relação sinestésica com o meu processo de criação. Misturo as sensações, os cheiros, as imagens. As minhas letras têm muito isso. Adriana (Calcanhoto) e Arnaldo (Antunes) fazem isso muito bem e são referências para mim”, diz. Ela ainda gravou no disco uma música japonesa de Lisa Ono.

“Tenho relação com piano e violão. Nunca tive uma relação técnica. Uso como ferramenta de compor, para chegar na combinação de acordes para fazer a melodia, principalmente o violão.”

A cantora eternizou sua voz ainda criança ao lado do pai no álbum Antonio Brasileiro (1994), na canção Samba de Maria Luiza.

Assista à entrevista de Maria Luiza Jobim a CartaCapital na íntegra:

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