Maldito do rock, Julio Reny narra sua perturbadora vida em um filme inédito

O cantor e compositor Julio Reny cotnou sua vida em um filme que estreia no In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, o principal do País no segmento. A 17ª edição acontece em São Paulo, entre 11 e 22 de junho.

Amor e Morte em Julio Reny (2025, 93 min.), de Fabrício Cantanhede, participa da competição nacional da mostra. Narrado pelo próprio cantor e compositor, com breves depoimentos de pessoas próximas, é perturbador e revela a vida de altos e baixos (mais baixos) do artista emergido da cena do rock de Porto Alegre (RS) nos anos 1980.

O maldito do rock gaúcho fala de sua história entre copos de cerveja e tragos de cigarro, em uma vida solitária e levada à base de remédios. A narrativa de Reny é áspera e dramática.

Quando não conta sua história, lê trechos de um de seus livros, o Radio Cool, o mesmo nome do programa de rádio que fazia na Ipanema FM.

Julio Reny teve uma infância conturbada. A mãe tinha um amante, que ajudou em sua criação. Seu pai, barbeiro, sabia da vida extraconjugal da esposa, enquanto ele mantinha relações com prostitutas. O cantor chegou a ser internado em um hospital psiquiátrico devido ao seu comportamento bipolar.

Em composições muitas vezes autobiográficas, Julio Reny tocava violão e guitarra e recebeu a influência de jazz, rock, punk rock, country rock e new wave.

Apresentou boas canções e se mostrou um artista talentoso. Formou várias bandas, mas não conseguiu alçar voo em meio à dificuldade do início de carreira no disputado mercado fonográfico, além dos obstáculos pessoais.

O filme exibe esses percalços. Com um dos grupos, o Cowboys Espirituais, estourou nacionalmente com Jovem Cowboy, uma mistura de country-rock com rap lançada em 1998.

Sua filha Consuelo Valandro oferece sinceros depoimentos sobre o pai. Ela é fruto da primeira e breve união do cantor — sua então esposa morreu de ataque cardíaco quando Consuelo tinha 5 anos.

De outro relacionamento nasceu uma garota autista. Em certa ocasião, Reny foi acusado — de forma infundada — por abuso e tentou o suicídio. A menina foi posteriormente diagnosticada com autismo.

Julio Reny se apresenta atualmente em bares da capital gaúcha por 100 reais. O documentário Amor e Morte em Julio Reny tem força para ser um dos destaques do In-edit neste ano.