Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Livro propõe a discussão do folclore a partir da performance participativa

Estêvão Amaro dos Reis apresenta a cultura popular na perspectiva de seus realizadores

Livro propõe a discussão do folclore a partir da performance participativa
Livro propõe a discussão do folclore a partir da performance participativa
Foto: UFRN
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O Folclore É um Processo, de Estêvão Amaro dos Reis (editora Publique; 321 páginas), lança luz sobre um tema que, quando é abordado, desperta mais preocupação com sua exposição estética do que com o aprofundamento da vivência de seus personagens.

Doutor e mestre em Música pela Unicamp e pesquisador de culturas populares brasileiras, Reis é ligado ao importante Festival do Folclore de Olímpia. Sua pesquisa foca em alguns dos grupos que participam do evento.

O autor traz o folclore à contemporaneidade, dando o devido peso às manifestações brasileiras e à sua pluralidade, com ênfase nas práticas performativas dos diferentes grupos existentes.

A discussão histórica do folclore, tratada na obra, passa por seu sentido preservacionista como ato urgente e por um significado pejorativo que ganhou ao longo do tempo – no livro, a questão é atribuída ao fato de as pesquisas pioneiras focarem no “objeto folclórico”, desconsiderando seus atores.

No cotidiano, costuma-se dizer que é “folclórico” algo fantasioso, o que no fundo demostra desconhecimento sobre o significado altivo da palavra, que envolve canto, dança e execução de instrumento como representação maior de nossa identidade cultural.

Folclore não é algo inerte, e esse entendimento se torna crucial para qualquer conversa sobre o assunto – ele é, sim, uma espécie de ser vivo, como expressa o livro.

Há diversas definições de folclore, com mudanças ao longo do tempo. Mas é no ambiente tradicional que brota a cultura popular.

O autor tem uma visão de dentro das performances, e esse é o grande mérito do livro. O respeito aos seus atores, em geral pessoas humildes, dá à obra um caráter real.

O folclore como um saber vinculado às práticas ancestrais compartilhadas por diferentes grupos sociais, representadas de forma amadora, é bem exemplificado na obra.

Folclore sempre foi conduzido pelo “mito do desaparecimento”, em uma corrida contra o tempo para preservá-lo. O seu afastamento dos contextos originais tem levado as performances a novos espaços de atuação, relata o livro.

As matérias-primas de pesquisa do autor são os grupos folclóricos, parafolclóricos e balés folclóricos – os dois últimos usam os grupos folclóricos como fontes de pesquisa.

A falta de interesse das novas gerações dificulta a renovação, mas as práticas se mantêm firmes por bravos defensores da cultura popular local, em meio à contínua massificação de produtos culturais de grande escala. O livro, em suma, é um grito de resistência.

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